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Foto do escritorLuiz Cláudio Fernandes

Liderança feminina cresce no Brasil; veja exemplos de executivas paraenses

Segundo o Panorama Mulheres 2023, as mulheres estão mais presentes na liderança de empresas de pequeno porte, capital fechado e no setor de serviços. Veja o exemplo de mulheres paraenses


A paraense Giselle Robledo tem uma empresa composta só por mulheres (Foto: Arquivo pessoal)

A pandemia representou um retrocesso para o avanço da equidade de gênero no mercado de trabalho em muitos países. Em 2020, mulheres mais seniores tinham probabilidade 50% maior do que os homens de frear suas carreiras ou deixar a força de trabalho por causa da Covid-19, de acordo com o relatório Women in the Workplace 2020 da comunidade global Lean In. “Pesquisas no mundo todo mostram que, em momentos de crise, as mulheres são as primeiras a ser colocadas de fora”, diz Ana Paula Diniz, pesquisadora do Insper.


Apesar disso, a participação feminina na presidência das empresas e em outros cargos de liderança no Brasil cresceu de 2019 a 2022, segundo o Panorama Mulheres 2023, estudo feito pelo Talenses Group com o Insper. As mulheres passaram de 13% a 17% dos CEOs do país. “E a tendência é claramente ascendente. No próximo ano, a proporção deve passar de 20%”, disse Fernando Ribeiro de Leite Neto, professor e pesquisador no Insper, ao apresentar os resultados da pesquisa na quinta-feira (18).


Esse olhar otimista também vale, segundo ele, para outros cargos de liderança. Mulheres passaram de 23% dos vice-presidentes do país em 2019 a 34% em 2022, e de 16% dos conselheiros a 21%. A única porcentagem que se manteve foi na diretoria, em 26%. “A pesquisa mostra que as ações afirmativas funcionam”, disse Renata Camargo, CEO da Black ID, no painel de lançamento do estudo.


Ainda há um grande caminho a ser percorrido


Os dados podem ser recebidos com otimismo, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido quando se trata de diversidade no C-Level. “Nossa intuição inicial era de que talvez a gente tivesse andado para trás, então esse avanço é um motivo para comemorar. Mas, se avançamos, não avançamos da mesma forma para todas as mulheres”, segundo Diniz, pesquisadora do Insper, ressaltando a falta de diversidade racial na liderança corporativa.


Mulheres CEOs alavancam a equidade de gênero


Um dos caminhos para atingir a equidade racial e de gênero em cargos de liderança é justamente ter mulheres como CEOs. “Elas alavancam a equidade de gênero e a equidade racial”, afirma o professor do Insper.


Mas os homens, que ainda são a maioria dos líderes nas corporações, também são importantes para endereçar essas mudanças. “CEOs homens têm que patrocinar a causa para avançar no tema”, disse Rodrigo Vianna, cofundador do Talenses Group e CEO da empresa de recrutamento Mappit.


Onde estão as mulheres presidentes?


O Panorama Mulheres 2023 mostra que a maioria das presidentes no Brasil está em empresas de pequeno porte, familiares, de capital fechado e no setor de serviços. Quanto maior a empresa, menor a participação de mulheres na liderança.

O levantamento também mediu como a liderança feminina foi mais ativa em criar iniciativas voltadas para a diversidade de gênero durante a pandemia, com programas com foco na saúde mental e acompanhamento psicológico, políticas de trabalho flexível e de equilíbrio entre vida profissional e trabalho doméstico.


A executiva Marcella Novaes, membro da comunidade Belém Negócios e mentora do BlackStage, é um “ponto fora da curva”, pois ela é um exemplo de mulher que lidera uma empresa de grande porte. Ela se destaca no mercado paraense como a primeira mulher a assumir como diretora administrativa a Agropalma, empresa brasileira produtora de óleo de palma sustentável vencedora do Agropará, uma premiação destinada aos melhores do agro paraense. Assunto na Forbes, Marcella tem passagens por Nokia, Coca-Cola e Whirlpool.


Marcella Novaes diz qual é o segredo para gestores e empreendedores terem sucesso no mundo dos negócios (Foto: Belém Negócios)

Segundo Marcella, ser a primeira mulher a assumir a diretoria de uma grande empresa faz com que você se torne uma referência para outras mulheres. Mas para chegar a essa posição, ela percorreu uma longa trajetória. A gestora conta que entrou na Agropalma como gerente de Recursos Humanos, contratada com o desafio de tornar a área estratégica e promover inovação. Para isso, teve que estudar o cenário do Agronegócio no Brasil e entender o mercado de produção de óleo de palma no Brasil e no mundo, além de conhecer a fundo o setor para propor mudanças que fizessem sentido para o negócio da empresa. “Lembro que fiz um diagnóstico sobre a cultura e o clima organizacional da empresa, e acabei identificando que precisávamos implantar tecnologias e impulsionar a cultura do respeito e da valorização da diversidade para que conseguíssemos atingir as metas propostas naquela ocasião”, recorda.


Marcella também contribuiu na aquisição de tecnologias que aumentassem a transparência corporativa, facilitassem a conexão dos colaboradores com a empresa e promovessem a qualificação profissional dos trabalhadores de todos os níveis hierárquicos. “Investimos, também, na melhoria da gestão de processos relacionados à saúde e segurança dos trabalhadores e na infraestrutura das nossas unidades”, pontua.


Gradativamente, os resultados foram aparecendo, até que foi indicada a ocupar o cargo de diretora administrativa. “Com esse novo desafio, tive de aprender a gerir processos diferentes e me reinventar como gestora, pois não é fácil liderar áreas tão distintas como Medicina Ocupacional, Segurança do Trabalho, Meio Ambiente, Logística, Controle de Qualidade, Jurídico e Contratos, Infraestrutura, Almoxarifado, Compras, Gente & Gestão, entre outras. O segredo é não temer novos desafios, estar aberta a aprender e formar uma equipe de qualidade, baseada na confiança e na melhoria contínua dos processos”, indica.


Como a paraense Marcella Novaes venceu o preconceito de gênero


Como mulher, Marcella enfrentou vários desafios, e cita algumas estratégias utilizadas para vencer os empecilhos. Ela observou o cenário e estudou meios de como aliar o seu trabalho a situações estratégicas das empresas pelas quais passou. Foi mostrando, ainda, por meio do seu conhecimento e da sua capacidade técnica que poderia agregar valor aos negócios, não somente por ser mulher, mas por ser uma profissional de qualidade.

“Além da minha capacidade técnica, adquirida através do aprendizado contínuo, também tive que, por diversas vezes, me reinventar enquanto gestora, pois, para conseguir entender e gerir áreas e pessoas com perfis distintos, precisei ter empatia e me colocar no lugar do outro para compreender as atitudes e situações que ocorriam no dia a dia de trabalho”, explica. “Também sempre busquei demonstrar que sou mulher de pulso firme e que não abaixa a cabeça no primeiro obstáculo. Algumas vezes, fui testada, mas nunca recuei”, ensina.


A paraense que tem uma empresa formada só por mulheres


Giselle Robledo, corretora de imóveis e proprietária do escritório Giselle Robledo Negócios Imobiliários, iniciou no mercado imobiliário há cinco anos. Ela escreveu um livro junto com outras mulheres do mercado imobiliário de todo Brasil e lançou ano passado. A sua equipe é formada unicamente por mulheres e a empresa abrange todos os serviços voltados para o mercado imobiliário. “Temos despachante imobiliário, advogada especialista em direito imobiliário, corretoras especialistas em médio e alto padrão e correspondente bancária”, explica.


A corretora de imóveis Giselle Robledo (Foto: Arquivo pessoal)

O público alvo do escritório Giselle Robledo Negócios Imobiliários são as pessoas que querem comercializar um imóvel. “Temos avaliadores de imóveis, e nossa estratégia sempre foi fazer um trabalho de qualidade com uma equipe que consiga atender todos os setores do mercado imobiliário para que o cliente tenha todos os serviços em um só lugar. Trabalhamos com administração de imóveis também”, explica.

Ela também destaca que são muitos os desafios enfrentados diariamente como mulher. “Apesar dos preconceitos que enfrentamos, a mulher tem ganhado cada vez mais notoriedade e espaço no mercado, e temos que conciliar essa vida corrida de trabalho, palestra, viagem com a maternidade, o que não é tarefa fácil. Temos que nos desdobrar todos os dias para conseguir conciliar nossa agenda de trabalho com os horários da escola, fazer um acompanhamento escolar, médico, estudar, ter tempo de lazer com os filhos e principalmente acompanhar o que eles estão tendo acesso na vida virtual, pois hoje temos que ter muita cautela com a influência da vida virtual no cotidiano dos nossos filhos”, diz.


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