Com autoridades governamentais visitando as instalações da primeira refinaria de ouro do Pará, o negócio milionário de capital estrangeiro ganhou destaque em um momento em que o setor passa por uma crise generalizada. Veja o que sabemos sobre os investidores e para onde vai o ouro amazônico
"O Pará já era famoso pela extração, agora poderá se orgulhar de estar entre os beneficiadores", isso foi dito por um usuário do LinkedIn, em uma foto publicada na rede social, na qual o prefeito da cidade de Belém e autoridades do setor, visitavam o referido empreendimento. Nota: o estado do Pará é campeão de ouro irregular no país, com uma produção de 17,7 toneladas no período analisado, entre 2019 e 2020. Negócio pretende verticalizar a produção e seguir todas as normas previstas.
Procuramos saber: Quem está por trás do empreendimento? Quais clientes deve atender? Haverá um grande volume de exportação?
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O negócio
A North Star, empresa brasileira de capital belga, especializada no refino de metais preciosos, que tem ligações com Sylvain Goetz, integrante de uma família dona de um império de minérios preciosos, é quem comanda o negócio. Sylvain é um dos grandes investidores da nova refinaria do Pará, a primeira do estado e a 'maior da América Latina'.
O projeto deve produzir inicialmente 24 toneladas de minério por ano ainda em 2022, mas o plano já contempla uma expansão para 48 toneladas/ano, o que significa metade da produção nacional, quando a empresa poderá atender também a clientes de outros países da América do Sul.
Além de Goetz, entraram como investidores duas empresas estrangeiras: a North Coast Commodity Advisory & Investment Company LLC, grupo sediado nas Bahamas, com 69,63% de ações; e a Maison Prime Holdings LTDA, de Dubai, com 14,06%, mostram documentos analisados pelo The Intercept.
Sobre a North Star Refino S.A.
Localizada em Belém (PA), é especializada no refino de metais preciosos e deve implantar, em dezembro de 2021, a primeira indústria com tecnologia de ponta para beneficiamento deste tipo de minério no Estado, tendo o ouro como carro-chefe.
A North Star também tem ligações na cidade com o Grupo SMC, que tem endereço fixo na capital paraense. O grupo iniciou suas atividades no segmento de construção de habitação focado em projetos econômicos, para o púbico C e D. Mas a ampliação de suas atividades se deu quando passou a construir obras nos segmentos de infraestrutura e industriais. Hoje o Grupo é uma holding voltada para resolver problemas de engenharia.
A refinaria
A fábrica demandou um investimento inicial de US$ 10 milhões. Mas posteriormente, a direção da North Star afirmou ter investido na verdade R$ 55 milhões no prédio de três andares localizado entre a baía do Guajará e a avenida Artur Bernardes, no bairro industrial do Tapanã. Durante a fase de construção foram gerados 120 empregos diretos e quando a unidade estiver operando deve empregar pelo menos 50 pessoas, que vão refinar o metal precioso.
Segundo Maurício Gaioti, presidente da North Star no Brasil, o ouro refinado terá o certificado de “Good Delivery”, podendo ser comercializado em qualquer lugar do mundo. A empresa também contará com um “Selo Amarelo”, uma espécie de certificação de origem o qual assegura que o ouro por ela processado foi extraído de forma totalmente legal e cumprindo todas as regras de compliance em termos ambientais, sociais e de governança.
“Tínhamos que juntar forças com empresas internacionais para que pudéssemos construir algo que coloque esta fábrica como algo de ponta e transforme Belém num hub de metais preciosos”, afirma Gaioti.
O Governo local
O negócio é acompanhamento pela Agência Nacional de Mineração, em conjunto com autoridades governamentais e a iniciativa privada.
"O Pará em breve será referência mundial na produção de Au (ouro) com certificação de origem", diz Fabio Martinelli, gerente Regional da ANM/PA.
Em 2021, o Governador Helder Barbalho assinou um acordo com cinco mineradoras para que elas forneçam ouro para ser refinado na North Star. Os termos foram publicados na edição do Diário Oficial no dia 26 de março de 2021.
Segundo o Governo, a produção da fábrica deve abastecer o polo joalheiro da cidade, mas pelo volume de produção que o empreendimento terá, o foco deve cair sobre os negócios internacionais: exportação.
Na foto, o Prefeito Municipal Edmilson Rodrigues, autoridades locais, executivos e a ANM Regional/PA, em visita ao local.
*Com informações de Agência Pará, The Intercept Brasil
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