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O Que É Economia Criativa?


O Que É Economia Criativa?
Marcos Vinícius Rego

"A criatividade é a principal agregadora de valor dos novos tempos"


A Economia Criativa não é só o futuro, mas também o presente dos negócios. Proporciona formas diferentes de fazermos coisas que estamos acostumados no nosso cotidiano, mudando os nossos hábitos e, a longo prazo, moldando o comportamento de toda uma geração. Está aquecendo a economia, criando novos empregos e acendendo aquela luzinha no fim do túnel, espantando os fantasmas da revolução das máquinas.


(Cadu Guerra, CEO do Allugator)

Hoje, mais do que nunca, a criatividade humana ocupa um espaço privilegiado de valorização e reconhecimento. O mundo, acostumado com mudanças cada vez mais rápidas, anseia por novidades em todas as áreas, levando o mercado mundial a uma corrida frenética em busca de novas soluções e sensações. A criatividade está no topo e isso a torna um capital extremamente valorizado e almejado, presente em tudo o que é bom, desejado e marcante. A criatividade é a principal agregadora de valor dos novos tempos, seja na arte, moda, tecnologia, games, arquitetura, sustentabilidade, serviços, saúde, etc. Tudo envolve a criatividade e persiste utilizando-a como combustível, incluindo a economia mundial, cada vez mais dependente do poder criativo humano.


A ligação entre a criatividade e a economia levou ao surgimento da expressão “Economia Criativa”, que por ser um termo recente não possui um conceito fechado e único, mas que pode ser entendido como a união entre a ciência que regula a produção, distribuição e consumo de Bens e serviços (economia) e o ato de criar algo novo ou transformar algo que já existe (criatividade), possuindo como matéria prima o capital intelectual. Dessa forma, o valor dos produtos e serviços deixam de estar ligados apenas aos ativos convencionais, passando a ser uma consequência do capital intelectual empregado como insumo primário à cadeia produtiva de bens e serviços. Vale ressaltar que o termo não deve ser confundido com “Indústria Criativa”, sendo este parte integrante da Economia Criativa e não seu sinônimo.


Sendo assim, é correto afirmar que Economia criativa é o setor econômico formado pelas indústrias criativas. Não há um consenso sobre as áreas que o termo engloba, no entanto, a “Conferência das Nações Unidas para o Comércio Internacional e o Desenvolvimento” (UNCTAD) organiza a área em 4 setores, sendo eles: Herança ou Patrimônio (expressões culturais tradicionais; festivais e celebrações; sítios culturais), Artes (visuais; performáticas), Mídia (editorial e audiovisual), Criação Funcional (design; nova mídia; serviços criativos). No Brasil, a Secretaria de Economia Criativa criada pelo Decreto 7743, de 1º de junho de 2012 e vinculada ao Ministério da Cultura considera 20 setores dentro da economia criativa: artes cênicas, música, artes visuais, literatura e mercado editorial, audiovisual, animação, games, software aplicado à economia criativa, publicidade, rádio, TV, moda, arquitetura, design, gastronomia, cultura popular, artesanato, entretenimento, eventos e turismo cultural.

“Você não pode esgotar a sua criatividade. Quanto mais você usa, mais você tem”.

(Maya Angelou)

Diferentemente de outros recursos, a criatividade humana é infinitamente abundante e costuma aflorar em momentos difíceis e desafiadores. Além disso, diferentemente de setores tradicionais da indústria, a indústria criativa, obrigatoriamente, não precisa de máquinas, espaços físicos fixos, grandes investimentos. Com isso, fica fácil entender porque a Economia Criativa é responsável por números impressionantes. Uma pesquisa realizada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) afirma que se a economia criativa fosse um país, teria o quarto maior PIB (4,4 bilhões de dólares); cerca de 144 milhões de profissionais atuam no setor mundo a fora. Segundo a Unesco, na Europa, nenhum setor emprega mais jovens que o setor criativo, além disso, afirma que o setor criativo gerou US $ 2,3 trilhões (3% do PIB mundial) e 29,5 milhões de empregos (1% da população ativa mundial). Um estudo de Oxford Econômico estima que o setor é responsável por mais de 10% do PIB no Brasil e nos Estados Unidos.


Ainda no Brasil, o “Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil” (Firjan, 2016), mostrou que o setor gerou 155,6 bilhões de reais em riqueza só no ano de 2015. Já a edição de 2019 do mesmo estudo mostrou que o mercado de trabalho criativo no país reúne 245 mil estabelecimentos e 837,2 mil profissionais. O cenário recessivo dos últimos anos gerou uma leve retração da participação do PIB Criativo no PIB Brasileiro, que saiu de 2,64% para 2,61%, representando a soma de R$ 171,5 bilhões em 2017, período em que empregou formalmente cerca de 837,2 mil profissionais no país, sendo as áreas de consumo e tecnologia responsáveis por aproximadamente 80% dessas vagas. Enquanto o rendimento médio mensal do trabalhador brasileiro foi de R$ 2.777,003 em 2017, o dos profissionais criativos, usualmente mais qualificados, foi 2,45 vezes superior e atingiu R$ 6.801,00.

De acordo com dados do Observatório Itaú Cultural, durante a pandemia, no ultimo trimestre de 2020, o setor perdeu 458 mil postos de trabalho na comparação com o mesmo período de 2019, sendo atividades artesanais, artes cênicas e visuais, cinema, música, fotografia, rádio e TV e museus e patrimônio, as áreas mais afetadas. Por outro lado, houve um aumento de 115 mil postos de trabalho na área da Tecnologia da Informação, o que representa uma alta de 24% no período. O segmento editorial também abriu novos postos de trabalho, um crescimento de 25%, com 23,7 mil novos empregos. O “Relatório Sobre os Impactos Econômicos da COVID-19 - Economia Criativa” (FGV, 2020) afirmou que a crise da pandemia levou o setor a experimentar novos formatos de produção e de entrega de seus produtos e conteúdos ao público final, antecipando movimentos que talvez fossem levar mais tempo para serem disponibilizados, como os shows transmitidos em lives em redes sociais, eventos online e a proliferação de cursos, palestras e eventos usando plataformas de streaming de vídeo.


Apesar de ser um dos setores mais atingidos pela crise gerada pelo coronavírus, o setor de criatividade exerce papel de destaque no cenário pandêmico, a ponte de sua capacidade de transformação econômica estrutural, progresso socioeconômico, criação de empregos e inovação, que ao mesmo tempo contribui para a inclusão social e o desenvolvimento humano sustentável, fazerem com que a ONU escolhesse 2021 como o “Ano Internacional da Economia Criativa para o Desenvolvimento Sustentável”. Isso se mostrou totalmente condizente com a realidade deste ano que em breve termina. Certamente você conhece algum caso que começou com a demissão ou diminuição da renda durante a pandemia, que culminou no desenvolvimento de uma ideia criativa, novos empreendedores que, graças à criatividade, hoje encontram-se gerindo negócios em expansão, muitos deles com grande potencial de crescimento real. Engana-se quem pensa que para fazer parte desse ecossistema é preciso desenvolver um negócio criativo, na verdade você também pode usufruir dos benefícios financeiros desse setor como um consumidor/investidor, a arte é um excelente exemplo disso (como falei em artigo anterior).


Segundo o autor e pesquisador britânico John Howkins, em entrevista à revista Época Negócios (2020), o Brasil é famoso em todo mundo por sua cultura criativa, no entanto, seu desafio é transformar esse recurso no coração de sua economia, que mesmo atualmente empregando cerca de 11 milhões de brasileiros pode crescer ainda mais se ajudar as pessoas a desenvolver suas ideias, a abrir suas empresas e torná-la maiores, competitivas e bem-sucedidas no brasil e no exterior. Ainda segundo Howkins, “Criatividade é uma ferramenta de sobrevivência. Conforme nos movemos em direção a um mundo automatizado, onde Inteligência Artificial, algoritmos e robôs substituem os empregos de várias categorias de trabalhadores, a criatividade ganha ainda mais destaque.”, sendo então a economia criativa, a parte mais forte e de crescimento mais rápido de todas as economias ao redor do mundo, com profissionais melhor formados e com salários mais altos, além de ser a melhor forma de manter as heranças e a cultura nacional.


Em tempos de incertezas e crise econômica, a economia criativa se mostra como um excelente caminho. Sua diversidade, intangibilidade e adaptabilidade fazem deste setor uma das principais apostas para o ano de 2022. Segundo especialistas, o investimento em economia criativa pode induzir o desenvolvimentos das regiões brasileiras. Na Carta de Roma - como ficou conhecido o documento elaborado pelos ministros da cultura do G20 em julho de 2021 - a cultura e a economia criativa são apontadas como detentoras de um papel determinante na retomada da pós-pandemia e devem estar no centro das políticas públicas para estimular o emprego, a renda, a educação, a diminuição das desigualdades, a criação de um ecossistema digital saudável e seguro, a saúde mental e a sustentabilidade do planeta. Isso não depende apenas do estado, a sociedade como um todo tem papel determinante nesse contexto, haja vista que se olharmos o crescimento e a valorização da economia criativa nos últimos 5 anos, entenderemos que mais do que uma impulsionadora do desenvolvimento econômico, ela também é uma excelente opção de investimento financeiro pessoal.


“A indústria da moda britânica emprega mais pessoas e ganha mais dinheiro do que suas indústrias automobilística ou siderúrgica.”

(John Howkins)

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