top of page

Startup que Atua na Amazônia Recebe Aporte de R$ 200 Milhões

Foto do escritor: Rodrigo SouzaRodrigo Souza

Empresa trabalha com projetos que mantêm a floresta em pé, gerando crédito de carbono a partir do CO² que deixa de ser emitido com a preservação florestal


Carbonext, Crédito de Carbono
Os sócios da Carbonext, Luciano Corrêa da Fonseca e Janaína Dallan — Foto: Divulgação


A Shell, empresa multinacional petrolífera britânica, anunciou que fará um aporte de R$ 200 milhões na Carbonext, startup que desenvolve projeto de crédito de carbono com forte atuação na Floresta Amazônica. Com o negócio, a Shell entra no mercado no Brasil com a intenção de atingir a meta global de se tornar carbono neutro em 2050.


O acordo prevê que a Shell tenha prioridade, por três meses, na negociação sobre os créditos de carbono gerados pela Carbonext. A empresa trabalha com os projetos chamados REDD+ (sigla em inglês para Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação). Em outras palavras, são projetos que mantêm a floresta em pé, gerando crédito de carbono a partir do CO² que deixa de ser emitido com a preservação florestal.


Leia também:


A Shell terá participação minoritária na companhia - não é revelado o percentual - e vai se unir aos investidores que ingressaram na Carbonext na primeira rodada de captação de investimentos. Em 2021, a empresa recebeu uma injeção de US$ 5 milhões, atraindo mais de 20 novos sócios, incluindo fundos como Canary e Alexia Ventures.


- Associar nossa companhia à Carbonext é um passo importante para nossa meta de compensar 120 milhões de toneladas de CO₂ ao ano até 2030 com soluções baseadas na natureza para o Escopo 3 (cadeia de fornecedores), que são emissões difíceis de se abater - afirmou o presidente da Shell Brasil, André Araujo.


Pelo acordo, a petrolífera não terá participação na gestão. Além do aporte, a Carbonext terá acesso a tecnologias hoje usadas pela Shell, como imagens de satélite de alta resolução que poderão ser aplicadas para monitoramento do desmatamento.


- Nós comparamos imagens das áreas dos nosso projetos semanalmente. A Shell tem um algoritmo mais eficiente que faz essa comperação e pode emitir alertas de desmatamento - disse Luciano Corrêa da Fonseca, sócio da Carbonext e ex-diretor do Pátria Investimentos.


Acesso a tecnologia


Outra tecnologia que poderá ser usada pela empresa é a que permite rastrear o DNA de animais e plantas. A partir de amostras de solo, por exemplo, será possível identificar a "digital" de seres vivos que por ali passaram, o que auxilia no inventário da biodiversidade local.


- Projetos com maior biodiversidade têm mais valor agregado no mercado. E você consegue mostrar para o cliente o que está sendo preservado de fato - afirma Fonseca.


Há dois tipos de mercado de crédito de carbono: o de compliance, no qual países e empresas comercializam créditos para cumprir metas de redução de emissões, e o voluntário, em que companhias podem neutralizar suas emissões, seja por pressão social ou por conscientização sobre a questão climática.



O mercado voluntário, no qual a Carbonext atua, movimentou globalmente 500 milhões de toneladas de carbono em 2021, ante um total de emissões de 60 bilhões de CO². Apesar de não ser regulado, há certificação internacional. No Brasil, o mercado regulado foi criado por decreto, mas ainda não está em funcionamento porque ainda faltam algumas definições legais.


2 milhões de hectares de florestas preservados


Desde 2010, quando a Carbonext foi fundada, já foram preservados 2 milhões de hectares de floresta no Brasil em seus projetos. Só no ano passado, a área de vegetação preservada na região mais vulnerável da Amazônia, o chamado Arco do Desmatamento (corredor que vai do Acre ao sul do Pará, passando por Amazonas, Rondônia e Mato Grosso) cresceu 340% com os projetos.


Neste ano, os projetos desenvolvidos pela companhia geraram cerca de R$ 150 milhões em créditos de carbono, vendidos a empresas e organizações como o BNDES.


Para a Shell, o aporte em uma empresa que atua no segmento de crédito de carbono é mais um passo na sua estratégia de descarbonização. Os negócios de óleo e gás ainda são seu carro-chefe, mas a companhia considera que já atingiu o pico da produção petrolífera global em 2019. Desde então, ela está em declínio a um ritmo de 1% a 2% por ano.


A ideia é usar a receita obtida com a energia fóssil para expandir a atuação em fontes renováveis. No Brasil, a empresa tem seis pedidos de licença para energia eólica em alto-mar, além de um projeto de hidrogênio verde. Também tem 50% da Raízen, que produz e distribui etanol.


Na indústria do petróleo, a Shell é a segunda maior produtora no país, atrás apenas da Petrobras.


 

Quer receber mais notícias como essa? Faça parte do nosso grupo do WhatsApp e siga nosso perfil do Instagram.


Junte-se a nós. Leia conteúdos exclusivos e acesse ferramentas premium. Assine o Belém Negócios. Planos a partir de R$9,90/mês.

コメント


Últimas notícias

Publique uma notícia

bottom of page