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Foto do escritorRodrigo Souza

Onda de Demissões em Startups é Sinal que Algo Bem Pior Está Por Vir?

Uma impiedosa onda de demissões está atingindo grandes empresas de tecnologia mundo afora e, nos últimos meses, com mais vigor, está carregando até unicórnios brasileiros para a mesma crista. Não é o tipo de coisa que muitos de vocês querem ler, não é mesmo? Mas para quê enfiar a cabeça num buraco como fazem as avestruzes? É melhor ficar de olhos bem atentos para o que está por vir. Entenda o cenário, o que dizem as startups, os investidores e os principais: os ex-funcionários



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Não. Não estamos falando de uma crise generalizada. A tecnologia permanece como um dos pilares da economia global. Para uma onda devastar o setor, é preciso que simplesmente os mercados tradicionais, de forma utópica, voltem a andar sozinhos. Impossível. Tudo está interligado. Economia tradicional e tecnologia.


Mas e essa temporada de demissões?


Algo preocupante? Sim, mas é algo natural. Empresas que cresceram de maneira vertiginosa durante a pandemia encontram-se agora numa maré bem mais calma. Ou seja, o que estamos vendo é um equilíbrio das coisas.


Opinião: Alguns olhos atentos puderam observar que certas empresas, em vez de encarar a onda há alguns meses, optaram por apostar em mais crescimento, contratações, novos recursos e publipost otimistas... Tudo isso para manter os investimentos em casa. Não adiantou.


Mudanças aconteceram. Simbolicamente começou com a Apple deixando de ser a empresa mais valiosa do mundo, dando lugar a tradicional Saudi Aramco, uma gigante petrolífera, como o nome sugere, das arábias. A virada preocupou investidores de tecnologia e fez vir a tona o que já estava previsto.


Não apenas por isso, mas por um conjunto de fatores, há algum tempo, startups globais e brasileiras começaram a anunciar a infeliz sequência de demissões.


Lá fora:


  • Cameo e On Deck ambos demitiram 25% de seus funcionários

  • MainStreet demitiu 30%

  • Robinhood cortou 9% de seus funcionários em tempo integral


No Brasil:


  • A Vtex cortou 193 pessoas, hoje, 27 de maio

  • Em abril, QuintoAndar demitu 20% dos funcionários

  • A Zak, de gestão de restaurantes, desligou 40% do quadro de funcionários, mesmo superando o valor de mercado de 1 Bi

  • A Loft demitiu 159 funcionários e realocou outros 52 para reorganizar a própria área de crédito

  • E a Olist amargou 150 profissionais, mas rechaçou crise na companhia


É claro, não podemos analisar esses números de forma geral. Mas as demissões nessas empresas são um ótimo lugar para começar a procurar respostas. Elas são super alavancadas (rentáveis e financiadas por empresas de VC) e isso significa que quando as coisas ficam turbulentas, os investidores sentem primeiro, aí seus cartões de crédito ilimitados são retirados.


Empresas que inflaram seus caixas durante a pandemia (observe: todas as brasileiras listadas acima), oferecendo soluções convenientes para a época, agora experimentam o gosto ruim da estagnação. Ou seja, não vão crescer mais ou vão crescer pouco. Algumas inclusive nem uma coisa nem outra (preocupante). O problema é que para investidores parar de crescer é o mesmo que vou cair fora. E nesse caso, para manter o dinheiro no caixa, o jeito é: cortar gastos (pessoas).


Qual é a lição que fica? Certamente palestrantes de sucesso saberão romanticamente contar.


Afinal, o que vem por aí?


A tecnologia vai encontrar um lugar para respirar tranquila? A corrida pelo sucesso volta a se democratizar? Tem lugar ao sol para todos. Sempre teve. Os olhos de quem investiu e lucrou vão se virar para negócios mais preparados para o pós 2019-2020-2021-2022.


O que diz um CEO?


“Contratamos conforme o planejamento organizacional. Os cenários nacionais e globais vão mudando e, automaticamente, projetos vão sendo repriorizados”, Diego Dzodan, CEO da Facily. A empresa demitiu mais de mil pessoas.


O que diz um especialista?


Thomaz Martins, coordenador do centro de empreendedorismo do Insper, explica que a expansão costuma ser a regra para esse mercado, e não o encolhimento.


“É normal as startups estarem sempre com muitas vagas abertas. Afinal, os investidores querem que elas cresçam o mais rápido possível para oferecerem um grande retorno sobre o investimento inicial”, disse para a Forbes. Tentando explicar que o setor tem muitos cargos e também muitas demissões.


O que diz um funcionário demitido?


“Hoje, encerrei um ciclo na Vtex, junto com diversos outros colegas. Um lay-off inesperado dado o crescimento do e-commerce nos últimos anos e também da Vtex, que nos últimos dois anos teve IPO e tantas outras conquistas”, afirma um ex-funcionário na plataforma de networking Vtex. Otimista. A matéria em questão, da Seu Dinheiro, parecia considerar muito mais o ponto de vista da empresa.


Vtex em nota:


“Hoje, anunciamos uma nova etapa em nosso ciclo de expansão eficiente. Este passo vem com decisões difíceis, que impactam diretamente 193 profissionais. Valorizamos muito nossa equipe excepcional, apreciamos profundamente e agradecemos a todos por seu compromisso e trabalho duro. No geral, a decisão de deixar as pessoas irem não foi especificamente sobre o potencial ou o desempenho de cada indivíduo. A decisão de reduzir nossa força de trabalho foi tomada como um julgamento estratégico sobre qual estrutura organizacional pode entregar nossas prioridades ajustadas e alinhadas a esse ciclo orientado a crescimento com eficiência"


E o que um investidor está achando disso tudo?


Essa é a opinião que entendemos ser a mais coerente:


"Essas companhias não vão conseguir levantar novas quantias enormes de dinheiro em futuras rodadas, porque a janela de captação está mais difícil. E aí as startups precisam fazer ajustes para passar pela tempestade com dinheiro no caixa", disse ao Estadão Amure Pinho, cofundador da plataforma Investidores.vc.

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