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É impossível Inovar sem Considerar a Diversidade como Aspecto Essencial em uma Organização

Obviamente a visão de retorno não é o único componente de uma cultura de inovação. A própria agenda corporativa deve atuar de tal forma que fomente o ambiente de execução e aprendizados. Acredito ainda que o direcionador mais importante neste contexto seja realmente a cultura corporativa, que conectada à inovação assume o papel de encorajar as pessoas a tomarem riscos e cometerem erros que ajudem no processo criativo. Estimula o pensamento diverso e a própria diversidade de pessoas e ideias. Muitas empresas, cujas organizações são extremamente fixas com hierarquias tradicionais, bloqueiam a criatividade através do involuntário cerceamento da liberdade de pensamento e expressão. Ou seja, a primeira vez que você pune um colaborador liderado porque cometeu um erro tentando algo novo, você mata a cultura de inovação.


Tomo a liberdade de usar um exemplo didático, de própria natureza, em como a diversidade é importante para nossa cultura de inovação. Empresto um tema dos nossos colegas professores de história, geografia e biologia, para compreender o que a natureza nos ensina sobre diversidade.



Entre os anos 1845 e 1849 houve um período de extrema pobreza e fome na Irlanda. Com isso, o país experimentou uma redução de 20 a 25% de sua população por morte ou emigração, por conta do chamado “mal das batatas”. A batata foi introduzida na Irlanda no final do século XVII como planta de jardim. Ela acabou se tornando o principal alimento dos pobres irlandeses por volta do século XVIII. A expansão da economia entre 1760 e 1815 viu esse gênero ocupar o principal espaço em todas pequenas propriedades rurais daquele país.


Não se sabe ao certo quando e de que modo a peste conhecida como o “mal das batatas” atingiu a Europa, mas isso não importa tanto para nosso exemplo. O fato é que a peste atingiu especificamente aquele gênero de batatas que dominava os campos da Irlanda e, por não ter outro gênero alimentício em escala, a principal e muitas vezes única fonte de alimentação foi atingida por este mal. A falta de diversidade e outros gêneros que não eram acometidos da doença, levou um país à miséria, à fome e à morte. Esse evento alterou o fluxo migratório da Europa e formou em parte a população americana.


A própria natureza nos ensina que a diversidade é essencial para a inovação e nos torna mais resistentes às intempéries e à concorrência. A diversidade é mais um fator essencial de uma cultura de inovação e totalmente relevante, inclusive quando olhamos para o desempenho financeiro da Organização.


Dados da consultoria americana McKinsey, apontam que, cada vez mais, as empresas que valorizam e adotam a diversidade em seus propósitos, apresentam melhor performance financeira. Aquelas que estão na linha de frente com a diversidade étnica e racial são 35% mais propensas a obter retornos econômicos acima da média nacional em seus setores de atuação. Segundo pesquisa da PwC Brasil, uma das maiores multinacionais de consultoria de auditoria do mundo, empregados, clientes e investidores exigem cada vez mais das organizações uma atuação pautada em valores que sejam modelos de equidade e inclusão. E essa exigência tem sido correspondida, pois 76% das empresas participantes do estudo afirmam que o tema é um valor ou uma prioridade.


Essa minha reflexão vem em tempo com uma análise totalmente empírica da cultura da Trutec. Gostamos de nos considerar pessoas inovadoras e com pensamento plural. Frequentemente nos questionamos de onde vem essa vontade de trazer e interligar ideias e conceitos, os colocando em prática com velocidade. Em uma empresa cujo foco é investir em startups inovadoras, dizer que inovação está em nossa cultura soa enfadonho. É óbvio que pensamos e investimos em inovação. Entretanto, destaco a correlação entre a pluralidade e a quantidade de ideias inovadoras trazidas em nosso cotidiano.


Acredito que essa pluralidade vem com a diversidade dentro de nossa empresa. Ao analisar apenas sob o aspecto da diversidade regional, percebemos que mais de 75% das pessoas vêm de origens alheias à localidade da fundação da empresa. Em se analisando as cidades natais, temos menos da metade das pessoas oriundas do Sudeste, cerca de 34% do Nordeste, 14% do Sul e 6% do Centro-Oeste.


E olhando para nosso quadro das startups, este cenário tende a seguir a chancela da diversidade. Temos mais de 50% das startups e empreendedores vindos do Sul, 40% do Nordeste e 10% de São Paulo. E somos protagonistas no setor em relação a este tema, levantando justamente a bandeira da diversidade em nossa linha de frente estratégica. Para se ter uma ideia, de acordo com o Mapa de Construtechs e Proptechs Brasil 2022, divulgado pela Terracotta Ventures, no último ano o mercado teve um crescimento de 13,8% no número de startups, em relação a 2021. Mas, onde estão concentrados esses negócios? Ainda temos um índice maior em São Paulo, seguido por Santa Catarina e Paraná.



No entanto, na Trutec observamos com bastante interesse os negócios que vêm se formando em outras regiões, a exemplo do Sul e Nordeste. Inclusive nos chama a atenção o perfil desses profissionais que enxergam no empreendedorismo uma grande oportunidade e utilizam a tecnologia como commoditie para desenvolver soluções que de fato resolvem as questões das gestões de obras.


Somada aos esforços de se montar uma cultura democrática que gosta de testar, errar, iterar e acertar, a diversidade nos ajuda a sermos mais resistentes às intempéries da concorrência, das mudanças de mercado ou mesmo de crises econômicas. Sábia é a pessoa que ouve os ensinamentos da natureza: sejamos apaixonados pela diversidade, essa é uma questão de evolução e perseverança.


Sobre o autor


Alexandre Quinze é o executivo de Tecnologia da Informação da Vedacit, co-founder e CEO da Trutec. Formado em Engenharia pela Universidade de São Paulo (USP), com especializações em Supply Chain, na Universidade da Califórnia, em Inovação Tecnológica, na Universidade Estadual de Campinas, e MBA em Administração, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), instituição na qual é professor há mais de 11 anos. Possui sólida experiência, com mais de 30 anos, em empresas nacionais e internacionais de grande porte, como Philips, Rimini Street, PwC Brasil, CBMM e Flextronics Internacional.

 

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