Bebida tradicional nas casas, escritórios e cafeterias apresenta aumento expressivo em todo o Brasil; no Pará, aumento é perceptível nas prateleiras

Em janeiro de 2025, o preço do café atingiu um recorde histórico, com a saca de 60 quilos do tipo arábica, principal produzido no Brasil, sendo comercializada por R$ 2.333. É o maior valor registrado desde o início da série histórica. O valor, comparado com janeiro de 2024, representa uma alta de 124,6%. É a maior alta de um janeiro para o outro de toda a série histórica, iniciada em setembro de 1996. O café expresso consumido no escritórios, lares e cafeterias passa por diversas questões que contribuem para este cenário.
Entre os principais fatores por trás da disparada nos preços estão o baixo volume de estoques, diante do aumento da demanda externa e das adversidades climáticas. O Brasil, maior produtor mundial de café, enfrentou no ano passado a pior seca em 70 anos. Além disso, ondas de calor intensas afetaram o ciclo de produção entre 2023 e 2024. A Companhia Nacional de Abastecimento projeta que a safra de 2025 será de 51,8 milhões de sacas, uma queda de 12,4% em relação ao ano anterior.
Aumento do preço do café no Pará
O café ficou 43% mais caro em 2024 no Pará, segundo pesquisa do Dieese/Pa (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realizada no mês passado. Em janeiro de 2024, o quilo do produto custou, em média, R$ 35,04, enquanto que, em dezembro do mesmo ano, o quilo alcançou a marca de R$ 50,02. Além do café, outros itens da primeira refeição do dia aumentaram de preço.
Queda global da oferta e aumento na exportações
A crise climática também afetou outros grandes produtores de café, como o Vietnã, maior exportador mundial do tipo robusta. O país asiático registrou uma redução de 17,2% na produção, que contribuiu para a queda global na oferta e maior procura pelo grão brasileiro.
Com isso, o Brasil bateu recorde de exportações em 2024, atingindo a marca de 50,4 milhões de sacas de café exportadas, um crescimento de 28,8% em relação ao ano anterior. O aumento nas exportações, por outro lado, intensificou a alta nos preços para os consumidores.
Taxa de câmbio: outro fator que inflacionou os preços
A taxa de câmbio também teve um papel crucial no aumento dos preços do café no Brasil. O dólar, com sua cotação elevada devido às incertezas fiscais no país, fez com que o preço do café no mercado interno subisse para níveis recordes. Em 2024, o café tipo 6, por exemplo, chegou a custar entre R$ 2.500 e R$ 2.900 a saca, um valor muito superior ao praticado em anos anteriores. Apesar de uma leve queda no início de 2025, a cotação do dólar ainda permanece bastante alta em comparação com os valores de 2024, o que mantém os preços elevados.
Apesar do custo maior, na safra 2024/2025 a produção mundial de café aumentou 4,1%, totalizando 174,9 milhões de sacas. No entanto, o consumo global também subiu, o que reduziu drasticamente os estoques – e encareceu o valor final. O estoque final de café foi o menor registrado nos últimos 25 anos, com 20,9 milhões de sacas.
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