World Climate Foundation anuncia hub global de investidores na COP 30, em Belém
- Redação
- há 17 minutos
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Investment COP vai reunir diferentes atores do universo dos investimentos como Anbima, ABVCAP e B3, além de BTG Pactual e Patria Investimentos

Apesar de forças nem sempre favoráveis jogarem água na fervura, vez ou outra, a agenda da descarbonização segue em frente. Nesta quinta-feira, 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, a World Climate Foundation, instituição que há 15 anos atua nas COPs para mobilizar parcerias intersetoriais para o financiamento climático, apresentou em São Paulo sua plataforma de ações para a COP30, e anunciou um hub global de investidores em Belém. “Brasil e clima são expressões indissociáveis”, repetiram várias vezes alguns dos palestrantes convidados para a 2ª edição do Brazil Climate Investment Week, reunindo agentes locais e internacionais do mercado financeiro.
Com o ânimo alto em relação ao tema – que enfocou a transição energética, agricultura e a biodiversidade entre outros –, palestrantes comentaram sobre projetos desenvolvidos no país, mas alertaram para um problema crônico: regulamentação. Fundos de Investimentos precisam de clareza para saber onde e como aportar recursos.
“Há 30 anos, em Nova York, ninguém falava disso, hoje, no entanto, temos mais de 3.000 profissionais trabalhando com investimentos ambientais. As coisas mudaram muito”, disse Tony Lent, fundador da Capital for Climate e coorganizador da Brazil Climate Investment Week ao lado de Marina Cançado, da Converge Capital. Segundo ele, soluções baseadas na natureza (SbN), que protegem e manejam ecossistemas naturais de forma sustentável, estão cada vez mais impulsionadas e deverão ter um crescimento de 10% ao ano. “Existem 32 fundos, no mundo, voltados às SbN e certamente a agricultura sustentável é das mais visadas”, observou ele, acrescentando em seguida: “No presente momento estamos em uma pausa, mas muito longe de desistir”.
No mundo, famílias investidoras costumam ter visão de longo prazo e a maioria têm apetite ao risco, destacou Liliana Manns, diretora da Community os The ImPact. “Famílilas são mais flexíveis e tomam atitudes mais rápidas, o que neste momento ajuda muito”, justificou ela, lembrando que as desigualdades sociais e as guerras em curso têm causado preocupação a tais grupos investidores. A propósito, 70% dos investimentos das famílias buscam, nesta ordem: setor da educação, biodiversidade, energia limpa e segurança alimentar/agricultura. “É preciso existir mais equidade e eu confesso que estou animada”, completou Liliana Manns.
FACILIDADES
Na opinião de Jens Nielsen, CEO e fundador da World Climate Foundation, “é preciso tornar as coisas mais fáceis para o investidor”. Defende o olhar atento aos riscos, mas quer respostas rápidas. “No tempo que estou aqui no Brasil vi que o sistema financeiro é robusto, mas, insisto, precisamos simplificar a vida do investidor”. Juntamente com a colega Liliana, apoia o aporte de novos investimentos no Brasil mas é fundamental – destacam – existir o espírito de colaboração entre todos os atores.
Tony Lent, que considera extraordinária a realização da COP30 no Brasil (mais especificamente no Pará, em novembro próximo), entende que os investimentos têm todas as chances de virem pra cá, mas para se atingir um volume desejado serão necessárias de 4 a 5 anos.
Tão importante quanto falar em investir em clima no Brasil, é falar de Brasil propriamente dito, alerta Cristina Penteado, diretora da ABVCAP e Head da Blue LIke na Orange Sustainable Capital. O ambiente regulatório e a questão cambial ainda são duas dificuldades apontadas para convencer o investidor a deixar seu dinheiro por aqui. Como atrair esse investidor focado em sustentabilidade?, perguntou. E ela própria respondeu em seguida: o estrangeiro espera 3 coisas: escala (materialidade), liquidez (coisa típica de país emergente) e risco-retorno favorável. Na mesma mesa de debates, o colega Pedro Faria, coCEO do High Growth at Patria, emendou: “Estamos falando de uma indústria cíclica, e mesmo na maré baixa vemos um mercado bem exigente”. Em sua visão, mesmo com alguns questionamentos do Modelo ESG, o mercado é resiliente em suas cadeias produtivas. “A questão climática não está dissociada da questão social, no entanto a expectativa risco-retorno precisa ser atendida”.
INTERESSE
Até pouco tempo atrás, o investidor não olhava o Brasil como primeira opção, mas isto tem mudado, diz Anibal Wadih, da GEF Capital, destacando que o interesse pelo país é crescente. “O Brasil ainda não capta o que precisa e essa questão do clima é uma boa oportunidade”, opinou.
Sobre o “copo meio cheio ou meio vazio” Guilherme Bragança, Head de IR na JGP e Régia Capital – fusão que capitalizou a instituição em R$ 1,7 trilhão –, se diz otimista. “Acho que o copo está a transbordar”, definiu. Segundo ele, a gestora já investiu R$ 11 BI em um ano e promete mais, pois é preciso criar escala. Existe demanda para se investir no país, continuou, exemplificando com o Fundo de Bioeconomia junto com a Petrobras. “O investidor estrangeiro está interessado na descarbonização das cadeias produtivas, e se tivermos produtos virá uma enxurrada de dinheiro”, prevê.
Leonardo Fleck, diretor de Sustentabilidade do Santander, elogiou o programa Ecoinvest, que o governo criou e chamou 9 bancos para participar. Ideia é de 6/1, ou seja, para R$ 1 bilhão aqui investido, o banco precisa buscar (o equivalente) R$ 6 BI no exterior. O Ecoinvest tem várias linhas, entre as quais a restauração de pastagens, hedge cambial e estruturação de projetos. “Nos últimos anos temos liderado o mercado de energias renováveis, estando somente atrás do BNDES, por isso somos otimistas”, enfatiza.
COP30
A 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), conhecida por COP30, acontecerá em Belém, no Pará, em novembro próximo. Esta será a primeira vez que a Amazônia sediará este importante evento global de clima. O Brasil assume papel de destaque nas negociações climáticas internacionais, devido à importância da floresta amazônica para os esforços globais de mitigação da crise climática.
“A COP30 é uma oportunidade histórica para o Brasil mostrar sua liderança climática. Com a plataforma COP30 Events, queremos garantir que essa mobilização vá além dos espaços oficiais e chegue a novos públicos, promovendo mais visibilidade, diversidade e impacto nas discussões sobre o futuro do planeta”, conta Rodrigo V Cunha, CEO da Profile.
As organizações que criaram a plataforma COP30 Events são:
CLARICE: Estúdio de inteligência e imaginação sobre mulheres e poder; Converge Capital: Empresa que fomenta investimentos para soluções voltadas para o clima e natureza; Profile: Agência de comunicação B Certificada pioneira no mundo com foco em Sustentabilidade e ESG; World Climate Foundation:organização global que promove parcerias público-privadas para acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.
Fonte: Empresas & Negócios