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Startups usam açaí e castanhas para criar cosméticos e desenvolver Amazônia

Com insumos amazônicos, empresas do Norte conseguem mais abrangência e amplitude no mercado nacional e internacional


Ana Araújo, da By Essence, na feira Hair Brasil. Foto: Tulio Vidal/Divulgação

A castanha-do-pará (ou castanha-do-brasil) passou de objeto de estudo da tese de doutorado da pesquisadora Ana Araújo para a matéria-prima do seu negócio: a By Essence, fabricante de cosméticos naturais com plantas e frutos exclusivos da Amazônia.


A empresa foi aberta em dezembro de 2022 como MEI (microempreendedor individual). Dois meses depois, ela precisou virar microempresa para atender a demanda em todo país. No ano passado, a empresa faturou R$ 400 mil e espera dobrar o número este ano, com o lançamento de mais linhas de produtos.

Além da castanha-do-pará, ela criou linhas de cosméticos com outras oleaginosa como buriti, pracaxi, açaí, tucumã e angioba. Entre os produtos, estão sabonete e xampu em barra, óleos essenciais e uma linha vegana de sabonetes. Os carros-chefes são o óleo e o sabonete de rosa-mosqueta. Os itens são vendidos pelo site e Instagram da empresa, para todo o Brasil, e em farmácias e supermercados de Belém (PA).


"Comecei a estudar a otimização do processo para a extração do óleo da castanha-do-pará para aproveitarmos a oleaginosa por completo. Daí surgiu a oportunidade de transformar a farinha que ficava na prensa em farofa e suplemento em vitaminas. Pesquisando sobre a produção de produtos naturais para a área de beleza, vi a oportunidade de negócio". Ana Araújo, CEO da By Essence.


Programa do Sebrae incentiva empreendedores

Ana iniciou sua jornada na área de cosmético atuando como fornecedora de matéria-prima e química responsável dos produtos da Reinabio, outra marca de cosméticos. Resolveu empreender na área junto com seu orientador, Claudio Nahum, ao ingressar no programa Inova Amazônia, do Sebrae, que contribui com o desenvolvimento de negócios inovadores que trabalham com o conceito de bioeconomia a partir dos produtos da região.


"Com o Inova Amazônia, percebemos que a maioria dos empreendedores que nos procuravam queria abrir seus negócios na área de cosmético. Daí surgiu a ideia de criarmos o Cosméticos da Amazônia, braço dedicado exclusivamente no setor setor e que oferece suporte de gestão, regulatório e comercial para conquistar novos espaços". Andrezza Cintra Torres, Coordenadora Nacional Beleza e Cosméticos do Sebrae.


O Inova Amazônia, do Sebrae, apoia startups que desenvolvem produtos, processos ou serviços de bioeconomia na Amazônia. O programa inclui até R$ 39 mil em bolsa, mentoria, capacitação, aceleração, laboratório de pesquisa e networking, como participação em feiras, por exemplo.


O programa tem mentorias e uma bolsa de até R$ 39 mil para desenvolver inovações. O programa está na sua terceira edição e tem mais de 400 empresas inscritas desde a sua criação.


Já o programa Cosméticos da Amazônia está na sua primeira edição e tem 53 empresas participantes. O programa auxilia as empresas com dois aspectos estruturais do setor. O primeiro é o regulatório, já que no Brasil somente é possível vender cosméticos com registro da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O segundo é a criação do plano de negócio. Os inscritos também participam de grandes feiras do setor, como a Hair Brasil, realizada em março.


Ajuda para vender na Avenida Paulista e lá fora

O programa também ajuda as empresas para ampliarem seus canais de venda. Entre eles, estão alguns e-commerce e grandes redes como a Soneda, que abriga o primeiro Hub de Aceleração Clean Beauty, na sua loja da Avenida Paulista, em São Paulo. "A loja tem um andar dedicado a linhas clean beauty e essas empresas expõem e vendem seus produtos lá", diz Andrezza. Atualmente, 19 marcas têm produtos expostos no andar.


O programa também tem como foco internacionalizar as marcas com participação em feiras. "Temos um consultor que está buscando mercados internacionais para os cosméticos da Amazônia. A aceitação internacional está cada vez maior, principalmente com as mudanças climáticas", comenta.


Vendas no Chile e Israel

Caroline Pacheco, Co-CEO da Simbioze Amazônica. Foto: Tulio Vidal/Divulgação

A marca Simbioze Amazônica é um exemplo. Ela foi criada em 2018 pela farmacêutica Caroline Pacheco e pelos empresários Daniel Pinheiro e Domingos Amaral, em 2018. A marca tem produtos de limpeza facial, itens com argila e óleos vegetais. Com a participação em um programa de formação de empreendedores do Sebrae, eles participaram de feiras para expor seus produtos.


Hoje, eles têm uma distribuidora internacional em Israel e no Chile. "Foram mercados que nos procuraram", diz Caroline. A comercialização é feita via site e em clínicas de estética e dermatológica. O próximo passo da marca é ganhar outros mercados, como Emirados Árabes e Europa.


A empresa, que faturou R$ 800 mil em 2023, tem a expectativa de fechar 2024 com o faturamento na ordem de R$ 1,5 milhão e lançar oito produtos até o fim do ano. O carro-chefe é a linha de limpeza facial. A empresa trabalha com cinco comunidades extrativistas: Lábrea, Carauari, Silves, Tefé e RDS do Uatumã.


"Por ser farmacêutica, tenho acompanhado o crescimento do mercado de clean beauty, principalmente na Europa. Sempre via grandes vendendo cosméticos com produtos amazônicos, mas nenhum negócio local. Daqui só se via artigos artesanais. Por isso, resolvi investir". Caroline Pacheco, cofundadora da Simbioze Amazônica.


Açaí para criar sabonete

Ingrid Teles, criadora da Ver-o-Fruto. Foto: Tulio Vidal/Divulgação

A engenheira de produção, Ingrid Teles, criou a Ver-o-fruto ao lado de Aline Chelfo, em 2022. A startup trabalha a bioeconomia circular da semente residual do açaí e também faz parte do projeto Cosméticos da Amazônia, do Sebrae. A cada sabonete vendido, R$1 é destinado à construção de um sistema para comunidades vulneráveis.


Com as sementes residuais do açaí, a empresa produz um sabonete facial 100% natural, o carro-chefe da marca. Para a última feira Hair Brasil, Ingrid lançou um esfoliante para o rosto, xampu sólido, óleo de patauá e manteiga de murumuru. Os produtos são vendidos em salões de beleza, farmácias, clínicas estéticas, pelo Instagram e na loja Flor de Jambu, em São Paulo.

O projeto inicial da startup era criar um sistema de tratamento de água que não necessita de aditivos químicos. "Eu tinha acabado de me formar na faculdade e queria levar acesso à água na Amazônia. Quando fiz a pesquisa de mercado, vi que não iria conseguir financiar o projeto. Então, tive a ideia de transformar a semente em matéria-prima para a produção de sabonetes para acumular recursos para financiá-lo."


Hoje, ela tenta vender seu produto para fora: entre os mercados a serem explorados estão França e Argentina. "A viagem do presidente francês, Emmanuel Macron, à Amazônia foi uma boa coincidência, já que já estávamos conversando com representantes do país", diz.


Economia Uol


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