O governo cedeu R$ 14 bilhões em empréstimos para as empresas do setor — Quem vai pagar? Os consumidores
As empresas do setor elétrico listadas na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, lucraram juntas R$ 40 bilhões nos nove primeiros meses de 2021, ano marcado pela crise hídrica que motivou aumento expressivo na conta de luz.
A informação consta em levantamento feito pela consultoria Economática. 2021 foi um ano marcado pela crise hídrica que assolou principalmente o sudeste brasileiro, com risco de racionamento de energia em vários estados.
No entanto, durante a "tal crise", as empresas do segmento aumentaram seus rendimentos na comparação com anos anteriores. Como e por quê?
Das empresas de geração, transmissão e distribuição de energia, incluindo estatais como Eletrobras e Cemig, que têm ações negociadas na bolsa de valores (B3), de um total de 39 analisadas pela consultoria, apenas 4 registraram prejuízos reais.
Contando com esses resultados, as empresas do setor elétrico tiveram uma média mensal de lucro de R$ 4,5 bilhões, um avanço em relação aos R$ 3,7 bilhões de 2020, no auge dos efeitos econômicos da pandemia, mas ainda sem crise de geração nas hidrelétricas, informou a Folha de São Paulo.
A marca também é maior que as médias mensais de 2019 (R$ 3,1 bilhões) e de 2018 (R$ 2,7 bilhões), período pré-pandemia. Como isso se explica?
Pelas regras do setor elétrico, a maior parte da alta nos custos de geração é repassada para os consumidores residenciais e industriais por meio das contas de luz. Empresas do setor mais eficientes conseguem então lucrar mais, independentemente do cenário hídrico.
Além disso, em 2020, o governo editou um socorro de R$ 14,8 bilhões para o setor, por meio de um financiamento tomado pelas distribuidoras de energia junto a um pool de bancos.
Todo o valor será pago pelos consumidores por meio das contas de luz ao longo de 5 anos e meio. Mas se as empresas não amargaram prejuízo, o financiamento não deveria ser pago por elas mesmas? Queremos entender. Você não?
Isso pode piorar:
Um novo empréstimo, nesses mesmos moldes, já foi autorizado e está em preparação para este ano, com o objetivo de evitar um novo “tarifaço” nas contas de luz.
Detalhe: o ano é eleitoral, tem copa do mundo e ainda os resquícios devastadores de uma pandemia.
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