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Perda De Floresta Está Causando o Desaparecimento De Abelhas Polinizadoras Do Açaizeiro

Trabalho registrou uma diferença de quase 80% a mais no número de espécies que visitaram as flores dos açaizeiros próximos a florestas

Foto: Cristiano Menezes

Estudo publicado na revista Agriculture, Ecosystems & Environment revela que em áreas de açaizais com pouca cobertura florestal nas proximidades, espécies de abelhas nativas sem ferrão (meliponíneos) estão desaparecendo. Os pesquisadores estudaram o efeito do desmatamento sobre características específicas das espécies, o que chamam de diversidade funcional, e constataram que as abelhas de menor tamanho foram as mais impactadas. A perda na diversidade de abelhas nativas da Amazônia tem um efeito negativo na polinização do açaizeiro, uma vez que esses animais são os principais polinizadores da palmeira.


Realizado por cientistas brasileiros e estrangeiros, o trabalho relevou que nas áreas estudadas, tanto com açaizeiros (Euterpe oleracea) de várzea (áreas inundadas) quanto em plantios de terra firme (áreas altas), houve uma diferença de quase 80% no número de espécies que visitaram as flores da palmeira.


“Nós avaliamos áreas com pouca floresta ao redor do açaizal e áreas com muita floresta. Nas áreas com mais floresta encontramos até 14 espécies de abelhas sem ferrão que visitaram as flores do açaí. Já nas áreas sem cobertura florestal, encontramos apenas três espécies”, detalha o biólogo Alistair Campbell, pesquisador visitante em atuação na Embrapa Amazônia Oriental (PA), e principal autor do estudo.


Os cientistas avaliaram 18 áreas em quatro municípios paraenses que se destacam na produção de açaí:


  • Barcarena, Abaetetuba, Acará e Belém (Região da Ilhas).


Os locais de coleta de dados de campo envolveram açaizais naturais de várzea, submetidos ao manejo intensivo, e plantios em áreas não sujeitas a inundação (terra firme). Campbell conta que um total de 33 espécies de 16 gêneros de abelhas sem ferrão foram encontradas em inflorescências do açaizeiro. Os gêneros mais comuns encontrados pelos pesquisadores foram Trigona, Trigonisca, Partamona, Plebeia e Nannotrigona, que são as principais polinizadoras do açaizeiro.



Mais florestas, mais abelhas


O estudo serve como um alerta tanto para as áreas de manejo de açaizais nativos quanto para as áreas de plantio em terra firme. “Sabemos que o açaizeiro possui uma megadiversidade de visitantes florais, dos quais cerca de uma centena são polinizadores em potencial. Desses polinizadores, destacam-se as abelhas nativas, que tem alta dependência das áreas de vegetação natural para sobreviver, obter alimento, abrigo e construir seus ninhos”, ressalta Maués.



“Não basta contar com apenas uma espécie que pode ser menos sensível à perda de habitat, pois a produção de açaí se beneficia por ter várias espécies de abelhas sem ferrão, com diferentes características, por isso, a conservação de florestas é o fator-chave na manutenção da diversidade funcional”, acrescenta Lichtenberg.


Esforço internacional


O trabalho reuniu cientistas da Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Meio Ambiente (SP), University of North Texas, Universidade de Lisboa, Instituto Tecnológico Vale, Universidade Federal do Pará, Museu Paraense Emílio Goeldi, Universidade Federal da Bahia e Universidade Federal de Goiás.



Leia o artigo completo. Texto: Assessoria/Embrapa.

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