Com milhares de toneladas de cobalto, o país se consolida como líder estratégico no mercado de minerais essenciais para tecnologia e mobilidade elétrica

O Brasil descobre um tesouro escondido: o “Ouro Azul”. Esse recurso valiosíssimo, também conhecido como cobalto, está no centro da corrida global por novas tecnologias e energias limpas. Com um estoque quase infinito, o país atrai os olhos de investidores internacionais, que enxergam nas suas minas de cobalto a chave para o futuro da indústria tecnológica e da mobilidade elétrica.
A demanda crescente pelo “Ouro Azul” está diretamente ligada ao aumento do consumo de tecnologias sustentáveis. Em 2017, a demanda global de cobalto era de 71 mil toneladas, e, segundo previsões, esse número deve saltar para 222 mil toneladas até 2025. O crescimento do setor de veículos elétricos tem sido um fator crucial para essa expansão.
Em 2022, a demanda por cobalto para veículos elétricos cresceu 60%, tornando o metal cada vez mais valioso. Com isso, países como o Brasil estão sendo cada vez mais procurados por investidores que visam explorar as minas de cobalto. Principais depósitos de cobalto no Brasil:
Niquelândia e Barro Alto, em Goiás
Fortaleza de Minas, em Minas Gerais
Americano do Brasil, em Goiás
Canãa dos Carajás e São Félix do Xingu, no Pará
Reservas no Pará
No Pará, foram encontrados cobalto com alto teor de mineralização. Os índices chegam a 0,52% de cobalto (Co) em rocha e 0,19% em amostras de canais. A mineradora australiana Centaurus é a responsável pelo projeto que fica em São Félix do Xingu. Em um corte de três metros de profundidade, foram retiradas amostras de dois canais, onde foi possível perceber rochas com 0,19% e 0,18% de Co respectivamente.
O local possui recursos globais de 307 milhões de toneladas com 1,3% de Ni e 0,13% de Co, que inclui um recurso de alto teor de cobalto de 185 Mt em 1,2% de Ni e 0,18% Co. A área de construção de Itapitanga cobre 50 km de terreno altamente prospectivo, conforme nota divulgada pela mineradora.
Em Canaã dos Carajás, por meio do Projeto Vermelho, estima-se que há 1.250 toneladas de cobalto por ano ao longo de 38 anos de vida útil da mina. O projeto é de propriedade da Horizonte Minerals, empresa com ações na bolsa de Londres e do Canadá.
Investimentos internacionais
No Brasil, a China já tem duas fabricantes de automóveis elétricos instaladas, a BYD e a Great Wall Motors. Contudo, os Estados Unidos não perde tempo, e a TechMet é uma das brasileiras que já recebeu dinheiro americano.
A empresa, que fica no interior do Piauí, recebeu um aporte de US$ 25 milhões (cerca de R$ 149,3 milhões) em 2020 para extração de níquel e cobalto. O estado também deve receber US$ 6 bilhões (cerca de R$ 33,6 bilhões) para realização de um ambicioso projeto, que visa produzir 25 mil toneladas de níquel em 2025; e extrair 800 toneladas de cobalto em 2026.

Em 2023, a empresa britânica Brazilian Nickel, divulgou um plano de investimento de 6 bilhões de dólares para o desenvolvimento de um projeto de níquel e cobalto no Piauí. Hoje a empresa tem uma unidade em outra região do estado, onde produz 600 toneladas de níquel por mês. Mas a ideia é que a nova instalação produza 25 mil toneladas de níquel por ano, a partir de 2026, e 800 toneladas de cobalto por ano, a partir de 2027.
Outra empresa, a australiana Jervois Global, também está de olho no Brasil e planeja reabrir uma refinaria de cobalto em São Paulo. A meta inicial é produzir 10 mil toneladas métricas de níquel e 2 mil de cobalto por ano. Esses novos empreendimentos ressaltam o potencial do Brasil para se destacar no mercado global de mineração de cobalto e consolidar sua posição como uma fonte alternativa de fornecimento.
Demanda do ‘Ouro Azul’ no mundo
Nos últimos anos, o cobalto tem desempenhado um papel crucial em várias indústrias, desde baterias de lítio até componentes de energia limpa. Ele é um recurso indispensável para o futuro, especialmente em tecnologias como veículos elétricos e produção de energia renovável.
Além disso, o cobalto é amplamente utilizado em ferramentas industriais, aço rápido, airbags, ímãs, tintas e até em aplicações militares. Suas variadas aplicações tornam o cobalto fundamental para a economia global, impulsionando a busca por novas reservas.
O Brasil tem a oportunidade de se posicionar como um player crucial na corrida pelo ouro azul. Com grandes reservas, investimentos internacionais e foco no desenvolvimento de novas tecnologias, o país pode ser uma peça-chave na transição para uma economia de baixo carbono e um futuro sustentável.
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