Alejandra Nadruz, CHRO da Movidesk, sintetiza alguns conceitos para quem deseja fazer a transição para um cargo de liderança
Ser um líder não é para qualquer pessoa. Estar à frente de uma equipe e inspirar cada integrante a ser melhor todos os dias, além de trazer essa lógica de pensamento para si, é uma missão extremamente desafiadora, pois trata-se de uma função que necessita de identidade e propósito - deixando para trás o estigma de ser apenas um mero cargo de chefia. Até por isso, não é à toa que muitos colaboradores ainda não se sentem capacitados e preparados para liderar um time.
Obviamente, há alguns passos que podem ajudar esses colaboradores a se mover nesta direção. Talvez o mais básico deles seja a almejada inteligência emocional. Como Daniel Goleman descreve no livro A Inteligência Emocional na Formação de Líderes de Sucesso, tanto o QI (Quociente Intelectual) como o QE (Quociente Emocional) são importantes requisitos para qualquer líder. Ainda de acordo com o autor norte-americano, 20% do sucesso de um gestor está ancorado no primeiro pilar, enquanto 80% estão no segundo quesito. O dado evidencia que se essa categoria dependesse exclusivamente de competências técnicas, talvez, o caminho para chegar até lá fosse um pouco menos complicado.
Portanto, mais do que ter conhecimento sobre as atividades da marca, um líder precisa saber como lidar com as suas próprias emoções e a dos outros colaboradores. Por esse motivo, compreender quem está do seu lado é fundamental. O indivíduo que almeja a liderança não anda sozinho, ele deve buscar uma conexão com os membros da sua equipe, com o objetivo de aumentar a confiança de todos e inspirá-los a explorar o máximo do seu potencial. Ele entende quais são as maiores dores e dificuldades do time e olha com atenção para elas, procurando soluções constantemente. Com isso, o espaço para revelar os pontos fortes de cada colaborador se abre e a produtividade acontece organicamente.
Nesse sentido, há determinadas ações que auxiliam a aproximação do líder com os integrantes do time. A primeira delas é o diálogo, uma vez que a comunicação é o cerne de qualquer ação, tanto para a elaboração de estratégias eficientes quanto para a promoção de um bem-estar coletivo. A transparência que surge no processo dá mais clareza à dinâmica do dia a dia da empresa, permitindo que quem está no cargo alto saiba o momento e a forma de realizar diferentes abordagens como, por exemplo, cobrar resultados, fazer críticas e elogios e explicar as movimentações da companhia.
Outra forma de aproximar a equipe é tomar a frente das situações como um exemplo profissional. É importante mostrar que a posição de liderança não serve para realizar cobranças cegas, mas para ser um ponto de referência em situações boas e ruins dentro da rotina corporativa. Dessa maneira, há algumas atividades diárias que são verdadeiros diferenciais para um líder, mesmo que pareçam banais em uma primeira impressão; gerenciar o tempo de tarefas, delegar funções com sabedoria, definir prioridades e controlar horários são pequenas soluções cotidianas que acabam sendo de grande valia para futuras resoluções de problemas complexos.
Peguemos como exemplo um cenário de crise com um cliente. É um contexto que envolve tensão e não estar em um ambiente saudável pode ser o ponto final para o descontrole da situação. Por outro lado, quando o líder e o time estão unidos e há uma agenda bem-pensada para os dias “normais”, a chance de remanejar obrigações e produzir alternativas rapidamente é maior. Junto disso, a presença de uma figura que transmite tranquilidade e conhecimento para um quadro de instabilidade incentiva e motiva uma ideia de superação e sucesso.
Se pararmos para refletir, líderes que possuem essa característica têm um ponto em comum, mesmo que pertençam a segmentos diferentes, ou até sejam indivíduos com personalidades totalmente diversas: o propósito. Ter uma meta significa criar coragem para ir atrás desse objetivo e tomar o primeiro risco por qualquer movimento. Portanto, estabelecer como pilar essa lógica de negócios é o que diferencia líderes de gestores. Não é um caminho fácil, mas definitivamente marca uma posição muito clara do profissional que está preparado para ser o rosto principal de uma empresa - e não apenas no sentido da formalidade de um contrato.
*Alejandra Nadruz é CHRO da Movidesk, startup brasileira que ajuda empresas a estruturarem seu atendimento por meio de um SaaS. Possui 20 anos de experiência em liderança de projetos de cultura organizacional, educação de mercado, engajamento dos colaboradores, design organizacional e comunicação interna. Também possui mestrado em Direção Estratégica de Empresas e é professora, mentora e consultora de pessoas.
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