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Galeria 791 Reabre Em Novo Espaço


Galeria 791 Reabre Em Novo Espaço
Marcos Vinícius Rego

"Eu tive o prazer de visitar o espaço na companhia do amigo Paulo Henrique Lobo, dono da galeria"


Nessa quarta, 19 de janeiro de 2022, a tradicional Galeria 791 reabre as portas em novo endereço (Av Carlos Frota, 1500 - Cristal Corporate - Val de Cães - Belém - PA) e eu tive o prazer de visitar o espaço na companhia do amigo Paulo Henrique Lobo, dono da galeria. O Paulo, além de um colecionador experiente (mais de 30 anos) tem uma ligação profunda com a arte, isso é perceptível tanto no brilho em seu olhar ao falar de cada obra do acervo, quanto no fato de ele decidir estar à frente da galeria mesmo admitindo que ela não é sua fonte principal de renda. Como empresário da construção civil ele deixa claro que a galeria é um hobby com um propósito bem definido (fazer com que a arte cumpra o seu papel de ser vista pelo máximo de pessoas), mas isso não o impede de se dedicar fielmente ao negócio que segundo ele mesmo diz “é uma fonte de felicidade para ele e sua família”.


A galeria, que agora ocupa uma sala de dois pavimentos no Cristal Corporate, possui um acervo amplo, eclético e de muito bom gosto. Seus espaços são muito bem aproveitados e certamente todos que a visitarem encontram algo de seu interesse.


O primeiro pavimento abriga dois espaços, sendo que espaço principal abriga obras de artistas, técnicas e regiões diversas , além de uma pequena biblioteca disponível para consulta com obras de grandes nomes; já o segundo espaço do pavimento abriga obras apenas de artistas locais. No segundo pavimento encontramos 3 espaços, sendo um destinado a obras de artistas de destaque como Burle Marx, outro destinado a Dina Oliveira (artista muito apreciada por Paulo) e um terceiro espaço destinado a armazenamento e manutenção do acervo.


Paulo Henrique Lobo, dono da galeria 791 Imagem: Marcos Vinícius Rego

Durante a visita, tive a oportunidade de bater um papo com o Paulo sobre esse retorno da galeria ao mercado, no qual discutimos, dentre outras coisas, sobre suas expectativas, desafios e projeções. Confira o bate papo abaixo:


- Quais suas expectativas para o mercado de artes belenense em 2022, ano esse que ainda enfrenta a pandemia de alguma forma?


- Independente de pandemia, o mercado da arte em Belém é muito fraco ainda. A gente vê pouquíssimas exposições patrocinadas pelo governo - governo esse que tem museus com peças maravilhosas que permanecem trancadas e quase nunca são expostas ao público. É fato que a pandemia deixou esse mercado quase que parado, mas com o retorno a normalização não tenho esperanças de que haverá uma grande mudança no curto prazo, o mercado voltará para aquele “devagar quase parando” que sempre foi. Para mudar isso precisamos cobrar o governo. Eu mesmo penso em procurar pessoalmente os dirigentes dessa parte cultural para disponibilizar o acervo de minha galeria para exposições promovidas pelo estado, a fim de fomentar o setor cultural da região.


- Por que esse setor é tão fraco em nossa região? Quais são seus principais desafios?


- Além da própria cultura que não é incentivada para o mercado da arte - um exemplo disso está no fato de que os próprios museus do município provavelmente adquiriam menos obras do que eu nos últimos 10 anos. Quando o próprio governo não incentiva, não mostra interesse e não incentiva a sociedade, acaba enfraquecendo o mercado, isso justifica o fato de que nossos grandes artistas da região, quando querem viver da arte e se destacar no mercado acabam tendo que ir para o sul e sudeste do país ou até mesmo para o exterior.


- O que você acha que o governo poderia fazer para mudar essa realidade?


- Como falei anteriormente, sobre as obras de arte presente em nossos museus, acredito que uma boa estratégia seria começar a criar espaços para exposições rotativas nos museus de nossa região, fazendo com que haja uma agenda cultural na região, atraindo o público de forma mais constante, pois o que acontece hoje é que em sua maioria as exposições são fixas e não atraem expectadores locais que já visitaram o espaço e conhecem a exposição. Mudar esse cenário não apenas atrairia o público local como também abriria espaço para que novos artistas sejam divulgados e conhecidos.


- Falando em projeção de artistas locais no exterior, a galeria 791 tem planos de alcançar outros mercados fora do país por meio de feiras e/ou exposições?


- Não. A galeria surgiu porque minha coleção pessoal ficou muito grande e o fato de elas estarem isoladas me incomodava, haja vista que eu acredito que a arte existe para ser apreciada. Isso me fez pensar “de que adianta eu estar com todo esse material trancado sem ninguém ver”. Foi quando me veio a ideia de abrir a galeria para expor e fazer esse material circular. Hoje a galeria é mais um hobby que um negócio propriamente dito, posso não depender financeiramente dela, mas saber que de alguma forma incentivo o mercado de artes me deixa muito feliz.


- Por que você decidiu trabalhar com artes?


- Como falei anteriormente, a galeria é um hobby, mas eu sempre fui um colecionador, desde criança gostava de colecionar alguma coisa. Colecionar artes em si começou há aproximadamente 30 anos, após meu tio e padrinho, o artista plástico Roberto de La Rocque Soares (1924-2001), me presentear com uma de suas obras que foi seguida por outra, também de sua autoria - dessa vez sendo minha primeira compra no mercado de arte. A partir daí comecei a me interessar por outros artistas paraenses como a Dina Oliveira, acrescentando-os à minha coleção que posteriormente cresceu e também abrangeu artistas de fora da região. Popularmente falando, colecionar artes foi como uma “cachaça”, ou seja, viciante.


- Quais as vantagens de investir em artes?


A arte tem a vantagem de estar a alcance de pessoas de todos os tipos, gostos ou classes. Aqui mesmo na galeria você encontra obras de R$200,00 até obras de R$50.000,00. A projeção do artista e valorização de sua assinatura não é algo fácil de prever, mas a arte em quase que sua totalidade valoriza-se com o tempo, isso traz segurança ao investidor e certa garantia ao investimento que além de ser financeiro está atrelado às emoções, desejos e sentimentos. Essa atmosfera transcendente não tem preço, e isso torna o mercado atraente e desejado.


- Durante esse período de mais de 30 anos como colecionador e hoje galerista, você nota alguma evolução no mercado local de arte?


- Vejo uma certa mudança mas não uma grande evolução. Temos grandes artistas locais consolidados e respeitados no Brasil e alguns até fora daqui. No entanto, os novos artistas ainda enfrentam muitas dificuldades para iniciar uma carreira por aqui. Sem apoio fica difícil aparecerem, admito que até mesmo as próprias galerias não ajudam muito nisso, dando oportunidade aos novos artistas. Em nossa galeria eu procuro ser o mais receptivo possível a novos artistas.


- O que você acha da arte produzida na Amazônia?


Nós temos excelentes artistas aqui. No entanto, todo e qualquer artista depende muito do marketing, ou seja, se ele tiver uma boa galeria ou uma pessoa competente por trás dele, suas chances de se destacar aumentam consideravelmente.


- O que um artista precisa ter/ser para ter seu trabalho disponível na galeria 791?


Nada além de um bom trabalho e a aceitabilidade dos termos da galeria (modelo de negócios baseado em comissão e consignação). Aqui na galeria procuramos ser o mais ecléticos e democráticos possível quanto aos artistas, gostamos de lançar novos artistas e de proporcionar a nossos clientes boas novidades.


- O que você acha da presença da tecnologia no mercado de arte (NFT, arte digital)? Pretende fazer uso dela em sua galeria?


- Acredito que a tecnologia é o futuro do mercado de arte. Também acredito que temos que nos adaptar a essa revolução mesmo que de início isso não traga um retorno considerável.


Imagem: Marcos Vinícius Rego

Imagem: Marcos Vinícius Rego

Galeria 791 Reabre Em Novo Espaço
Imagem: Divulgação

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