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Empresa lança prédio feito com IA e vai oferecer o serviço para incorporadoras

Fundador diz que o uso de inteligência artificial no projeto da Vitacon vai “muito além” da fachada e foi fundamental para o desenvolvimento de todo o empreendimento


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A Vitacon lança nesta semana, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, o empreendimento que considera como o seu primeiro feito com uso de inteligência artificial (IA).


O desenvolvimento do projeto, que reúne 700 estúdios de 18 a 33 metros quadrados, com valor geral de venda (VGV) de R$ 350 milhões, foi feito com ferramentas de IA, juntamente com o escritório nova-iorquino HWKN, conta Alexandre Frankel, fundador da Vitacon e CEO da Housi, empresa-irmã da incorporadora. A empresa tem a meta de atingir R$ 2,3 bilhões em VGV lançado em 2025.


“A partir deste projeto, todos os da Vitacon começam a usar IA em sua concepção”, afirma Frankel. A Housi, de sistemas para edifícios residenciais, também vai começar a vender a ferramenta para as incorporadoras que usam seus serviços.


A ligação entre arquitetura e inteligência artificial parece ser um caminho sem volta — assim como o uso da tecnologia em diversas outras áreas —, mas também pode ser uma ferramenta de marketing e posicionamento de marca, lembra Valter Caldana, professor de Arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie.


Segundo Caldana, há dois usos possíveis para a inteligência artificial na área: um é “superficial”, como fazer um comando (“prompt”) para que a ferramenta desenhe, por exemplo, a fachada de um prédio “com toques contemporâneos, para um público entre 35 e 40 anos”. Vai sair algo dali, mas não é isso que vai mudar os rumos da arquitetura.


O jeito “estrutural”, que Caldana considera “excelente” e que afirma estar sendo abordado também na universidade, é aproveitar a capacidade da ferramenta de inteligência artificial de fazer simulações e funcionar como um “laboratório à sua disposição o tempo todo”, com acesso quase infinito a dados.


O professor voltou recentemente da Bienal de Arquitetura de Veneza, cujo tema foi “Inteligência. Natural. Artificial. Coletiva”. Ali, relata ter visto um projeto para habitação de interesse social que usava IA em simulações com 40 mil plantas, para chegar às melhores opções em termos de custo e desempenho, entre outros parâmetros.


“Se você fizer isso na mão, leva cinco anos, e a IA vai ter um banco de dados enormemente maior do que o que você usaria”, diz. “Ela vai te ajudar a construir decisões com um grau de segurança maior”.


Frankel diz que o uso de inteligência artificial no projeto da Vitacon vai “muito além” da fachada e foi fundamental para o desenvolvimento de todo o empreendimento. “Milhares de projetos” foram analisados pela tecnologia, conta, para chegar ao resultado final.


A ferramenta também pode ser usada para identificar qual é o melhor empreendimento possível para um determinado terreno e ajudar na perenidade do prédio, ou seja, que ele continue atendendo às necessidades dos moradores, décadas depois. Foi o caso, por exemplo, de projetar uma academia maior e com espaço ao ar livre, já prevendo um aumento de uso futuro.


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Lançamento da Vitacon na Vila Mariana feito com auxílio de ferramentas de inteligência artificial — Foto: Reprodução


A Vitacon aposta, há anos, em um modelo de empreendimento focado em investidores, com unidades compactas — é um dos expoentes dos estúdios em São Paulo — pensadas para serem alugadas, em prédios com muitas áreas comuns e vendidas como um “prolongamento” dos apartamentos.


Ele defende que o setor imobiliário ainda é “arcaico” na quantidade de dados que leva em conta e no tipo de pesquisa que realiza antes de desenvolver um novo produto. A ferramenta de inteligência artificial mudaria esse cenário e levaria essa expertise até para empresas pequenas, que não têm tanto orçamento para investir na criação.


Caldana reforça que isso não exclui a importância de ter arquitetos no projeto, já que a ferramenta é um auxílio para a tomada de decisão nos projetos, mas não os realiza sozinha.

Frankel concorda. Além do escritório de Nova York, a Vitacon contou com um escritório local, já que é preciso “tropicalizar” o projeto e encaixá-lo na legislação local. “Consideramos uma ‘collab’, um trabalho a várias mãos”, diz.


As ferramentas de inteligência artificial estão sendo integradas aos softwares tradicionais da arquitetura e da engenharia e já aparecem em ferramentas específicas, como para análise de legislação urbanística e de impacto ambiental, o que deve tornar seu uso ainda mais indissociável dessas profissões.


No ano passado, Daniel Csillag, CEO da Graphisoft, uma das principais empresas de software para o setor, afirmou ao Valor que já havia integrado a IA em seu produto, voltado para o desenho de projetos. “Os arquitetos precisam criar muitas ideias para que o dono da obra escolha uma, isso consome muito tempo e geralmente não é algo bem remunerado”, disse. “A IA ajuda com a criatividade e com o tempo”.


Conteúdo publicado originalmente no site Valor Econômico

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