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Em 25 anos exportação paraense de açaí cresce 6.000%

Fortalecimento da cadeia produtiva fez aumentar a receita e o número de postos de trabalho no estado

Exportação paraense de açaí cresce em 25 anos
Foto: Elivaldo Pamplona/Comus

O açaí é hoje uma das frutas amazônicas mais apreciadas na alimentação mundo afora. Esse mercado cresce a cada ano e tem uma importante contribuição do Pará, que é o maior produtor nacional do fruto e também o maior exportador. De acordo com nota técnica da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), a exportação de açaí do estado saiu de menos de 1 tonelada no ano de 1999 para 61 mil toneladas em 2023, o que representa um crescimento de 6.000%.


Esse avanço trouxe ainda impacto positivo para a balança comercial e a geração de empregos em toda a cadeia produtiva do setor. O valor exportado, por exemplo, foi equivalente a US$ 1 há 25 anos, enquanto que no passado foi de R$ 45 milhões, incluindo tanto a receita da venda do açaí em polpa quanto de derivados do fruto.


Já os dados sobre o mercado de trabalho ligado ao açaí são mais recentes, porém também apresentam aumentos significativos. O número de vínculos empregatícios formais cresceu 864,5% entre 2010 e 2022, informa a Fapespa. Somente de 2021 para 2022, a variação foi de 107,6%, quando o estado registrou alta de 288 para 598 vínculos. Além disso, naquele ano foram calculados 2.536 empregos indiretos na cadeia produtiva do fruto, totalizando 3.143 empregos gerados no setor.


Com a demanda em alta no Brasil e no exterior e o avanço do cultivo em outras regiões e países fora da Amazônia, o diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural, Márcio Ponte, avalia que é necessário desenvolver políticas para que os benefícios continuem alcançando as populações locais.


“O Pará é o maior produtor do mundo, mas outras regiões do país de clima até oposto ao nosso estão plantando açaí – e não queremos ver a história se repetir como aconteceu com a borracha, levada para a Malásia pelos ingleses e aniquilando nossa economia da borracha. Precisamos certificar, criar um selo, identificar geograficamente, capturar carbono, fazer manejo, investir em pesquisa e tecnologia, construir um Museu do Açaí e contar sua história e sua cultura, entre tantas potencialidades que essa fruta e sua identidade podem nos proporcionar econômica e culturalmente”, afirma Márcio Ponte.

Produtividade dos açaizais

Segundo o estudo, 14 estados brasileiros produzem açaí atualmente, no entanto grande parte do fruto ainda é originária de estados da Amazônia Legal. A liderança é do Pará, que responde por 1,7 milhão de toneladas anuais do fruto, representando 90,4% da produção nacional. Em segundo e terceiro lugares, respectivamente, aparecem o Amazonas e o Maranhão, que juntos contribuem com 7,4% do total.


“É importante demonstrar que mesmo com essa liderança, o Pará continua atento à necessidade de evolução nas pesquisas, no desenvolvimento de novas tecnologias, inovações para essa cadeia produtiva que sem dúvida é extremamente importante para o estado do Pará para bioeconomia paraense, uma vez que ela emprega muitas pessoas, gera uma riqueza de uma maneira descentralizada fazendo com que haja um grande crescimento social, um grande crescimento da qualidade de vida da população em geral”, destaca o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.

Para isso, algumas regiões produtoras já investem em estratégias de manejo sustentável, utilizando técnicas que valorizam a manutenção da biodiversidade gerando aumento de produtividade e melhorias sociais em aspectos como as condições de trabalho e a segurança alimentar. A abordagem do manejo de mínimo impacto foi aprovada por indígenas da TI Alto Rio Guamá, no nordeste paraense, e também por populações do arquipélago do Marajó beneficiadas pelo projeto Sustenta e Inova, do Sebrae.


“Antes tínhamos açaizais que estavam muito fracos, improdutivos e com difícil acesso. Após trabalhar o manejo de mínimo impacto, podemos ver com os próprios olhos que a área mudou totalmente. Aumentou a produtividade, a área ficou mais acessível e segura para quem colhe o açaí. Está dando muito certo, temos um açaí maravilhoso de total qualidade e rendimento”, afirma a agroextrativista Maria Oneide Alves Mendes, do município de Portel.

Fonte: Pará Terra Boa



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