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Ela Criou Um App Que Ensina Línguas Quase Extintas De Povos Indígenas Brasileiros

Atualizado: 12 de set. de 2022

Aluna do curso de Antropologia da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), desenvolve aplicativo para aprender-ensinar nheengatu, uma língua quase extinta dos povos indígenas do Brasil



Ela Criou Um App Que Ensina Línguas Quase Extintas De Povos Indígenas Brasileiros
Suellen Tobler, criadora do app Nheengatu

A ideia do Nheengatu App surgiu em 2020, do sincronismo entre o interesse pessoal de Suellen Tobler em aprender novas línguas e a oportunidade de passar uma semana na casa da professora de Nheengatu, Dailza Araujo, da escola indígena Suraraitá Tupinambá, da Aldeia São Francisco, baixo rio Tapajós, Santarém - Pará.


“Enquanto eu ensinava algumas palavras em inglês para sua sobrinha Marcelinha, Dailza me ensinava algumas palavras em nheengatu, num processo colaborativo e desinteressado. Na despedida, Dailza me presenteou com o livro “Nheengatu Tapajowara”, produzido no “Projeto de Extensão Curso de Nheengatu UFOPA/GCI”. Em casa, ao folhear o livro, percebi certa semelhança entre o nheengatu e o alemão, língua que eu estudava naquele momento através do app DuoLingo, e aquilo que era apenas uma curiosidade tornou-se um interesse de fato, procurei cursos de nheengatu em aplicativos e sites, sem sucesso. Então busquei por outras “línguas maternas” e a única que encontrei foi Guarani Paraguaio. Assim surgiu a problemática: Por que não tem um app para aprender Nheengatu, Tikúna, Muduruku, ou outras línguas indígenas? De imediato não fiz nada a respeito, pois eu não tinha recursos disponíveis. Em 2021, por meio do edital de Cultura Digital, da Lei Aldir Blanc, organizado pelo Instituto Ágata e Secult-PA, eu vi a oportunidade de viabilizar o desenvolvimento deste aplicativo, então escrevi o projeto e felizmente fui contemplada. É emocionante ver esse app no ar, nos primeiros 3 dias alcançou quase 100 usuários registrados! Professores de nheengatu de escolas indígenas entraram em contato interessados, em breve vou publicar novos exercícios elaborados em parceria com os professores.”, conta Suellen.


SUELLEN TOBLER, a autora do projeto


Suellen Tobler leva uma vida nômade, assim como seus ancestrais guaranis. Foi numa dessas que resolveu percorrer o Rio das Amazonas desde onde ele recebe esse nome pela primeira vez em Iquitos - Perú, até onde "deságua" no Oceano Atlântico, na Ilha do Marajó - Pará. No caminho parou em algumas comunidades e ao final do percurso percebeu que precisava ficar um pouco mais para conhecer melhor a Amazônia, foi então que decidiu morar um tempo em Alter do Chão - Pará.


Trabalha no segmento de tecnologia da informação há mais de 10 anos, é formada em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (2009) e atualmente é estudante do curso de Bacharelado em Antropologia pela Universidade Federal do Oeste do Pará

(UFOPA).


Na região do baixo rio Tapajós em 2019, teve a oportunidade de pegar carona no barco-hospital Abaré por meio da ONG Projeto Saúde & Alegria, quando junto com Walter Kumaruara ministrou oficinas de audiovisual em comunidades ribeirinhas/extrativistas e aldeias. Também ministrou oficinas em escolas municipais na cidade de Santarém, através da ONG Namazônia, foram mergulhos profundos nos rios Amazonas, Tapajós e Arapiuns.


Além do Nheengatu app, ela está envolvida como bolsista no projeto de pesquisa de extensão sobre o artesanato brasileiro (PAB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e é a mais nova integrante do time de Pesquisa & Desenvolvimento Digital do jornal Gazeta do Povo.


NHEENGATU


A língua nheengatu pertence ao tronco linguístico do tupi e tem sua origem no tupinambá, no século XVII os missionários jesuítas fizeram uso da língua dos Tupinambás, que assim como os Tapajós representavam os grupos mais numerosos na região amazônica, que na época também incluía o Maranhão, utilizando-a em seu processo de evangelização obrigando povos que falavam línguas de outros troncos linguísticos a fazerem uso do nheengatu, tornando-a então a principal língua falada na região. Após a Guerra da

Cabanagem, quando muitos falantes da língua foram dizimados ela começou a enfraquecer e, no século XIX, além de sua proibição o período do Ciclo da Borracha, quando foram trazidos para a região muitos falantes de língua portuguesa de outras regiões, o português passou então a ser a língua mais falada (BORGES, 1996; 2016).


Porém, o nheengatu sempre esteve ali, são muitos os exemplos de palavras usadas no cotidiano dos moradores locais até os tempos atuais, com origem no nheengatu. Atualmente o maior número de falantes de nheengatu vive no município de São Gabriel da Cachoeira - Amazonas. Na região de Santarém, há mais de 10 anos, movimentos indígenas uniram forças a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), com isso formaram diversos professores de nheengatu e incluíram a língua na grade escolar das escolas indígenas.


SERVIÇO


O Nheengatu app pode ser acessado através de qualquer navegador e instalado em qualquer dispositivo Android, IOS, Microsoft, Linux e Chromebook.


Está no ar desde 01/10 e o acesso é gratuito!


Contato:

Instagram @Nheengatuapp

Email: nheengatuapp@gmail.com

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