China sinaliza abertura para novo acordo comercial com os EUA; mercados reagem positivamente
- Rodrigo Lopes
- 24 de jan.
- 2 min de leitura
Autoridades chinesas destacam disposição para cooperação, enquanto Trump defende tarifas como instrumento de negociação e mercados globais reagem ao otimismo nas relações comerciais

A possibilidade de um novo acordo comercial entre os Estados Unidos e a China ganhou força nesta sexta feira (24), após declarações da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning. Questionada sobre os comentários recentes de Donald Trump, que sinalizou o desejo de renegociar as relações comerciais entre os dois países, Mao afirmou: "Apesar das diferenças, os dois países têm enormes interesses comuns e espaço para cooperação."
Trump, que classificou o déficit comercial americano como "ridículo", também ressaltou a necessidade de um pacto mais "justo". Em resposta, Mao declarou que "a China nunca buscou deliberadamente um superávit comercial com os EUA".
As declarações surgem em um momento de incertezas econômicas, mas também de otimismo. Na quinta-feira (23), Trump revelou que teve uma "conversa amigável" com Xi Jinping na semana anterior. Esse gesto aparentemente conciliador refletiu nos mercados financeiros globais, levando o índice do dólar a cair 0,5% e fazendo a moeda americana a chegar a R$ 5,88 no Brasil, o menor valor em um mês.
Impacto global e posicionamento estratégico
Desde sua campanha presidencial, Trump tem defendido o uso de tarifas como estratégia para equilibrar as relações comerciais entre os países. Em entrevista recente à Fox News, reiterou:
"Temos um poder muito grande sobre a China, que são as tarifas, e eles não as querem. Eu preferiria não usá-las, mas é um poder tremendo." declarou Trump.
Em resposta, Mao Ning criticou as tarifas como uma solução ineficaz;
"Guerras comerciais e tarifárias não têm vencedores e não são do interesse de ninguém." Afirmou
No Fórum Econômico Mundial, o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, enfatizou que a China busca promover um comércio mais equilibrado e aumentar suas importações, destacando a disposição do país em reduzir superávits comerciais.
Mercado agrícola e cautela no Brasil
No Brasil, o setor agrícola acompanha com apreensão os desdobramentos das negociações. A ex ministra da Agricultura, Tereza Cristina, alertou que os EUA podem tentar retomar estratégias como a imposição de compras de produtos agrícolas americanos pela China, algo que afetaria diretamente os mercados brasileiros de soja e milho.
“Os EUA competem na área agrícola conosco de igual para igual”, afirmou Tereza Cristina, durante visita a Pequim em novembro.
Perspectivas e receios estratégicos
Apesar do otimismo inicial, especialistas alertam para o potencial estratégico das negociações de Trump. Jin Canrong, professor da Universidade Renmin, disse: "Trump ainda considera a China como um rival estratégico. Não devemos baixar a guarda."
O comentarista Hu Xijin, influente na mídia chinesa, ironizou o tom conciliador de Trump, classificando-o como "o ultimato mais suave da história".
Com os mercados globais atentos e as economias interdependentes, a possível reabertura das negociações entre China e EUA se mostra uma questão de grande impacto geopolítico e econômico. Resta saber se as promessas de cooperação levarão a resultados concretos.
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