O programa tem outros R$ 22 milhões, que devem ser desembolsados até o final de 2025
O Carrefour anunciou um investimento de R$ 28 milhões em cinco projetos voltados à conservação da Amazônia e à promoção da biodiversidade na região. As iniciativas são realizadas por cinco ONGs – The Nature Conservancy, Imaflora, Idesam, Amazônia 4.0 e MapBiomas – cobrem uma área de 1,2 milhão de hectares e vão atingir mais de 6 mil moradores do bioma, segundo o varejista francês.
Batizado de Fundo de Florestas, o programa tem outros R$ 22 milhões, que devem ser desembolsados até o final de 2025. Alguns dos projetos escolhidos tratam de questões estratégicas para a companhia, como rastreabilidade e garantias de que produtos que vão parar nas gôndolas não estão associados a desmatamento.
Mas esse não é o objetivo principal do fundo, diz Susy Yoshimura, diretora-sênior de sustentabilidade do Carrefour Brasil.
“Queremos transformação e impactos positivos, e isso depende de ações que vão além da nossa cadeia de valor.”
Além de métricas ambientais, os selecionados serão avaliados sobre a contribuição para a economia local.
BIOFÁBRICA INAUGURAL
Os recursos destinados à ONG Amazônia 4.0, fundada pelo cientista climático Carlos Nobre e seu irmão Ismael Nobre, vão financiar a construção da primeira biofábrica idealizada pela entidade.
“A gente prefere dizer biomanufatura, porque fábrica dá uma ideia diferente”, afirma Ismael. O tamanho das unidades é adaptável à quantidade de matéria-prima que será transformada e também ao número de famílias de cada localidade.
O 4.0 do nome da entidade está relacionado à tecnologia da planta, que faz uso intensivo de digitalização e equipamentos como sensores – a chamada indústria 4.0. A biofábrica inaugural será instalada na comunidade Surucuá, na reserva extrativista Tapajós-Arapiuns, às margens do rio Tapajós, no Pará.
Os próximos destinos serão o assentamento de reforma agrária dos anos 80 PA Moju 2, a comunidade quilombola Moju-miri e a comunidade ribeirinha de Acará-açu, estas duas últimas próximas a Belém, Pará. A proposta do projeto é experimentar o laboratório em três tipos de comunidades amazônicas típicas: quilombolas, ribeirinhos e moradores de reservas extrativistas.
O produto não poderia ser mais amazônico: “cupulate”, um similar do chocolate feito à base de sementes de cupuaçu. O insumo é abundante, pois na reserva já existe uma unidade para processar a polpa da fruta. Das máquinas, operadas pela população local e movidas a energia solar (não há rede elétrica ali), sairão barras embaladas e prontas para o consumo.
O aporte do Carrefour vai cobrir praticamente todo o custo de implantação da unidade, segundo Nobre. A companhia não divulgou o valor repassado a cada uma das cinco entidades.
O plano da Amazônia 4.0 é que a biofábrica esteja operando em cerca de um ano, com uma capacidade produtiva inicial de 80 kg diários. A visão é que no sexto ano do projeto todas as 150 famílias da região estejam de alguma maneira envolvidas com a biofábrica, seja na produção ou em negócios relacionados.
Para uma população que depende essencialmente do Bolsa Família ou dos salários de funcionários públicos, como professores, a transformação seria profunda, diz Nobre.
MÉTRICAS TRANSVERSAIS
O plano é que o varejista também ajude na distribuição. Em abril, a companhia anunciou as primeiras gôndolas dedicadas exclusivamente a produtos que têm origem na floresta.
Com informações de O Globo
Comments