Os modelos buscam tornar ruas e esquinas mais seguros, priorizando pedestres e ciclistas por meio de intervenções rápidas e de baixo custo

O Laboratório da Cidade, em parceria com a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) da Prefeitura de Belém, elaborou 7 projetos de urbanismo tático voltados para a requalificação de espaços urbanos e a melhoria da mobilidade para pedestres e ciclistas. O compromisso do projeto com a administração municipal visa implantar intervenções em áreas movimentadas da cidade, com foco em esquinas e cruzamentos estratégicos. As 4 áreas que terão a intervenção e que foram encaminhadas com desenho já incluso no projeto são:
Cidade Velha - Batista Campos - Jurunas/Região do polo joalheiro, Praça Amazonas: Criação de espaço de lazer com integração das praças com o polo joalheiro, com fomento a atividades de economia criativa, trazendo mais arborização.
Batista Campos/Doutor Moraes com Mundurucus: A intervenção neste cruzamento visa dar mais proteção ao pedestre. Moderação do tráfego.
Umarizal/Entorno da Santa Casa, Av. Generalíssimo Deodoro: Aumento do espaço de convivência e lazer.
Nazaré/Avenida Braz de Aguiar com Benjamin Constant: Foco em moderação do tráfego e segurança no trânsito.
Urbanismo Tático, “Visão Zero” e baixo custo
O urbanismo tático utiliza materiais de baixo custo, como tinta, balizadores e tachões, para promover mudanças rápidas e reversíveis em espaços públicos. Essas intervenções incluem parklets, praças e redesenhos de ruas, proporcionando maior segurança e acessibilidade para os cidadãos. A técnica permite testar soluções urbanas de forma prática e coletar dados sobre os impactos das mudanças na dinâmica local.
Para Lucas Nassar, diretor executivo do LAB Cidade, a “crise imobiliária internacional de 2008 foi crucial para desenvolver a ideia de urbanismo tático para grandes metrópoles”, pensando na construção do conceito de “Visão Zero”, estratégia que tem o intuito de melhorar a segurança no trânsito, eliminando mortes e ferimentos graves, baseado em planos de cidade como Nova York, Los Angeles, San Francisco, sendo uma visão de futuro se tratando de deslocamento humano nos centros urbanos, sem focar somente na fluidez dos carros.
“O urbanismo tático surge como uma possibilidade de promover a segurança no trânsito, principalmente de quem é mais vulnerabilizado nesse processo, que são os pedestres e ciclistas. Ele permite muitas ações de moderação de tráfego, que é uma metodologia de desenho de rua que é focada em diminuir acidentes de trânsito”, explicou o diretor.
Um destaque importante para os projetos que serão implementados é o baixo custo das obras, que trata-se de uma abordagem ágil e adaptável para atender às necessidades imediatas das cidades, pavimentando o caminho para um futuro urbano mais sustentável e inclusivo.
“Nosso contexto é de um conjunto de cidades brasileiras, nem todas mas em sua maioria e,Belém está entre elas, são cidades que não têm orçamento, não tem como fazer grandes investimentos sem comprometer demais o orçamento e aumentar a dívida do município. Então quando tá pensando nessa realidade de Belém, o urbanismo tático pode caminhar de mãos dadas com essa iniciativa”, destacou Lucas Nassar.
Tipos de intervenções do urbanismo tático
Muitas das intervenções mais proeminentes no campo do urbanismo tático são respostas diretas aos problemas urbanos imediatos, como a priorização dos automóveis. Assim, calçadas, infraestrutura para pedestres e ciclovias são frequentemente alvo das intervenções, como:
Pintura de faixas e cruzamentos: criação de faixas de pedestres e zonas de travessia coloridas para aumentar a visibilidade e a segurança.
Instalação de mobiliário urbano: adição de bancos, mesas, cadeiras e outros elementos de mobiliário urbano temporários para criar áreas de descanso e encontros, uma contraposição à arquitetura hostil.
Criação de espaços de lazer: transformação de espaços de estacionamento em parques temporários, praças de alimentação, áreas de recreação etc.
Calçadas ampliadas: alargamento das calçadas para proporcionar mais espaço para pedestres, cafés ao ar livre e atividades culturais.
Feiras e mercados de rua: promoção de mercados de agricultores, feiras de artesanato e eventos culturais temporários para revitalizar áreas urbanas.
Faixas de bicicleta temporárias: criação de faixas de bicicleta usando cones ou barreiras para proteger os ciclistas.
Redução de velocidade: redução dos limites de velocidade nas ruas para melhorar a segurança dos pedestres e ciclistas.
Instalação de arte urbana: pinturas murais, instalações de arte e grafite para embelezar áreas urbanas e incentivar o engajamento da comunidade.
Programas de ruas abertas: fechamento de ruas ao tráfego de veículos para criar espaços para atividades comunitárias, como caminhadas, ciclismo e eventos culturais.
Sinalização temporária: adição de sinalização, como placas de trânsito, para direcionar o tráfego de forma diferente ou destacar áreas específicas em um determinado período de tempo.
Instalação de áreas verdes: criação de jardins, canteiros de flores e espaços verdes em áreas urbanas.
Intervenções em estacionamentos: transformação de espaços de estacionamento em áreas para refeições, mercados ou instalações esportivas temporárias.
Melhoria da iluminação: adição temporária de iluminação pública, como luzes de corda ou lâmpadas coloridas, para criar atmosferas agradáveis à noite.
Pavimentação temporária: aplicação de revestimentos de piso temporários, como tapetes ou pisos de madeira, para melhorar a estética das ruas e praças.
Placemaking
É comum que o urbanismo tático seja confundido com o conceito de placemaking, que também busca criar lugares atrativos e vibrantes por meio da colaboração da comunidade, promovendo a interação social e a sensação de pertencimento. Contudo, existem algumas distinções.
Enquanto o urbanismo tático se concentra em intervenções temporárias e de custo reduzido para testar ideias e transformar espaços urbanos, o placemaking é uma abordagem mais ampla e colaborativa, que visa a criação de espaços públicos permanentes baseados no envolvimento comunitário e em uma visão de longo prazo para o local. Ambas as abordagens almejam a melhoria da qualidade de vida nas cidades, porém, seus métodos e escopos são distintos.
Outros projetos sem imagens finalizadas devem ser implementados na Avenida Nazaré com Benjamin Constant e Quintino; Barão de Igarapé Miri com Liberato de Castro.
Veja os desenhos dos projetos:
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