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Foto do escritorAna Luísa Cintra

A crise da fumaça no Pará e o paralelo COP-30; fuligem cobre as cidades devido às queimadas

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estado lidera os focos de queimadas este ano

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Santarém coberta por fumaça. Foto: Luiz Fernando Rocha

O mês é dezembro e o Pará está em chamas e coberto por fumaça. A fuligem que cobre as cidades é resultado das queimadas, a maioria ligadas ao desmatamento ilegal na Amazônia.


De acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estado lidera os focos de queimadas este ano. O cenário expõe os desafios do Brasil para conter a crise a menos de um ano da conferência mundial do clima, que será realizada na capital, Belém.


Segundo o Inpe, o fogo começou no estado em julho e, desde então, permanece acima da média histórica mensal registrada desde 1998. Até agora, foram contabilizados 53 mil focos de incêndio – o maior índice do Brasil em 2024. O Inpe estima que a nuvem de fumaça que vem do estado hoje tenha uma extensão de cerca de 2 milhões de km².


O ano de 2024 foi marcado pelo fogo e pela fumaça que sufocaram cidades em todo o país. O auge da crise ocorreu entre agosto e setembro, quando a mancha chegou a cobrir grande parte do território nacional, mas o problema ainda persiste. A fumaça continua se espalhando, embora esteja menos perceptível.


A crise expõe as vulnerabilidades do país no combate ao desmatamento e ao fogo. No último ano, os índices de desmate no bioma vêm caindo, mas estão longe de chegar a zero – meta do governo para 2030.


Em Baku, no Azerbaijão, durante a COP-29, o Governo Federal anunciou a nova meta de redução de emissão de gases do efeito estufa. A nova meta passa de 59% para 67% até 2035, na comparação aos níveis de 2005. Apesar dos novos alvos para essa redução, pouco se fala sobre novas metas que podem ser implementadas para a diminuição das queimadas no país.


Além disso, em 2025 o país será sede da Conferência do Clima, encontro do órgão supremo da ONU sobre mudanças climáticas, que acontecerá, justamente, em Belém (PA). Organizar um evento dessa magnitude traz uma série de desafios logísticos, mas o país ainda enfrenta outro: evitar transmitir ao mundo a imagem da crise ambiental que enfrenta.


Boletim das queimadas

Segundo o Boletim das queimadas para o último dia 3, publicado pela SEMAS, foram identificados 185 focos de queimadas no Pará, sendo 77 em cobertura antrópica e 108 em cobertura natural.


O fogo se alastra também em áreas protegidas do estado. Segundo o último boletim, foram registrados 10 focos em Unidades de Conservação, sendo 4 nas unidades estaduais, 1 na unidade federal e 5 em terras indígenas.

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Mapa de distribuição dos focos de queimadas no dia 03/12/2024

O risco segue alto

Com as últimas notícias e uma nova onda de fumaça cobrindo as cidades, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) anunciou os riscos de queimadas que podem iniciar nos próximos dias no estado.


Categorizados como Alto e Crítico, os possíveis focos de incêndio são previstos para nordeste do estado, na porção norte-nordeste do Marajó, em grande parte da Calha Norte e Baixo Amazonas, na porção central do estado e alguns pontos do sudeste. Por outro lado, o centro-oeste do Marajó encontra-se na categoria de Baixo a Médio, assim como o centro e o sul paraense.


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Mapas de previsão de risco de fogo, para os dias 05 e 06 de dezembro de 2024

Municípios com mais focos

No último boletim divulgado pela SEMAS referente ao dia 3 de dezembro, o município com mais focos de incêndio foi Pacajá, com 31 focos; em seguida Anapu, com 10 focos; e Baião com 8.


Veja a lista completa:

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O que dizem os governos

Governo do Pará

"O Governo do Pará, por meio do Corpo de Bombeiros Militar, intensificou o combate às queimadas em Santarém e outras regiões do estado, especialmente através da Operação Fênix. Desde o último sábado, 30, as operações receberam um reforço significativo, com o envio de 40 novos bombeiros, totalizando 120 profissionais na linha de frente, distribuídos em cinco frentes de trabalho. Além disso, oito novas viaturas e abafadores de incêndio foram incorporados às 3 já em operação, com o suporte adicional de dois helicópteros no combate aéreo. O monitoramento é realizado em tempo real via satélite, garantindo uma resposta ágil e coordenada aos focos de calor.


Diante do cenário atípico de queimadas enfrentado em 2024, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) adotou medidas extraordinárias, como a decretação de emergência ambiental em agosto, proibindo o uso de fogo para manejo de áreas e implementando o Plano Estadual de Ações de Combate à Estiagem, Queimadas e Incêndios Florestais (PAEINF 2024). Esse plano ampliou o efetivo militar em 66% e promoveu ações de salvamento, combate a incêndios e assistência humanitária. Apesar dos desafios climáticos, o Pará registrou avanços expressivos na preservação ambiental, como a redução histórica de 28,4% no desmatamento em 2024, segundo o sistema PRODES/Inpe, equivalente a uma diminuição de 937 km²."


Governo Federal

"Os incêndios florestais no Brasil são intensificados pelas mudanças climáticas, que causa a maior estiagem no país em 75 anos. Em 2024, desde o início das ações de combate aos incêndios na Amazônia, o governo federal mobilizou mais de 1.700 profissionais, disponibilizou 11 aeronaves, mais de 20 embarcações e mais de 300 viaturas, além de combater 578 incêndios de grandes proporções. É importante ressaltar que a resposta foi iniciada em 1º de janeiro de 2023, com a criação da Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas. Atualmente, 500 profissionais atuam no combate aos incêndios no Pará e no Maranhão.


O Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) foi relançado em 5 de junho de 2023. Com a retomada da fiscalização ambiental, houve queda de 30,63% no ritmo de desmatamento na Amazônia de agosto de 2023 a julho de 2024, segundo estimativa do sistema Prodes, do Inpe. É a maior queda percentual em 15 anos.


Em junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um pacto com governadores para combater o desmatamento e os incêndios no Pantanal e na Amazônia. Em julho, foi sancionado o Projeto de Lei n° 1.818/2022, que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. O Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo, previsto pela política, foi instalado pelo governo federal em 9 de outubro e já realizou duas reuniões.


O presidente Lula publicou também Medida Provisória que autorizou R$ 137 milhões para o combate aos incêndios no Pantanal, incluindo R$ 72,3 milhões para o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Em setembro, foi assinada outra MP que autoriza crédito de R$ 514 milhões para o combate aos incêndios na Amazônia, incluindo R$ 114 milhões para o MMA. Uma terceira MP, assinada em novembro, flexibiliza a transferência de recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) para estados e municípios em regiões com emergência ambiental, priorizando agilidade no combate aos incêndios."


Com informações do G1





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